Perante a movimentação social bem visível nos países do Norte de África e no Médio Oriente, e de modo menos grave em muitos Estados do mundo, os governantes mais assisados estão mais atentos à necessidade de pensar antes de decidir, o que deveria ser a norma permanente dos decisores políticos, como o PR disse no seu discurso de posse «é fundamental que todas as decisões do Estado sejam devida e atempadamente avaliadas, em termos da sua eficiência económica e social, do seu impacto nas empresas e na competitividade da economia, e das suas consequências financeiras presentes e futuras. Não podemos correr o risco de prosseguir políticas públicas baseadas no instinto ou em mero voluntarismo.»
Dentro desse conceito e de que mais vale prevenir do que remediar o Rei de Marrocos anunciou hoje que será lançada uma “reforma constitucional global”, seguida de referendo., dando um bom exemplo de medidas inteligentes para fazer face ao despertar «para a necessidade de um novo modo de acção política». Será bom que os governantes tirem de tal exemplo as melhores conclusões e as adaptem ao seu caso concreto.
Cavaco Silva alertou no seu discurso magistral que «só um diagnóstico correcto e um discurso de verdade sobre a natureza e a dimensão dos problemas económicos e sociais que Portugal enfrenta permitirão uma resposta adequada, quer pelos poderes públicos quer pelos agentes económicos e sociais e pelos cidadãos em geral.». Para fazer o diagnóstico correcto, basta estar atento às realidades bem visíveis em todos os sectores.
O PM foi recebido na Guarda com protestos, há menos de uma semana e, três dias depois, o seu discurso foi interrompido em Viseu. Mas, apesar disso e de outros sintomas, parece teimar em se basear «no instinto ou em mero voluntarismo», ao ponto de ter sido comparado por um cronista a Mohammed Saeed Al-Sahhaf o qual, apesar de a evidência visual mostrar que as tropas invasoras estavam já no centro de Bagdad, persistia na descrição das gloriosas façanhas dos homens de Saddam e parecia acreditar que estava ali a meia dúzia de centenas de metros.
Fantasias e ilusões de óptica e afirmações de um optimismo falacioso não são suficientes para ocultar as realidades evidenciadas, por exemplo, de que, para Isabel Alçada, o orçamento não passa de fantasia, pois não tem dinheiro para repor 43 milhões de euros que esperava poupar e, como reconhece o secretário de Estado do Tesouro, os juros da dívida são insustentáveis a prazo. Mas, no entanto, continua a ouvir-se o ilusório optimismo de que Portugal não precisa de ajuda externa, porque é capaz de sacar mais impostos para fazer face à crise, sem que haja uma ideia realista e visível pelos portugueses de medidas adequadas.
A propósito da necessidade de tais medidas, cito novamente o discurso do PER: «(…) é crucial a realização de reformas estruturais destinadas a diminuir o peso da despesa pública, a reduzir a presença excessiva do Estado na economia e a melhorar o desempenho e a eficácia da administração pública. (…) Seria desejável que o caminho a seguir fosse consubstanciado num programa estratégico de médio prazo, objecto de um alargado consenso político e social.»
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