segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O insólito da Justiça

Transcrição seguida de NOTA:

O conto do vigário
Jornal de Notícias. 22-09-2010. Por Manuel António Pina

A notícia ontem divulgada pela TSF de que "a polícia finlandesa está à procura de um vigarista identificado como tendo uma cara muito parecida com a de Durão Barroso e que enganou uma pessoa numa cidade a 70 quilómetros de Helsínquia" não mereceria por cá comentários não acontecesse, há uns anos, alguém com uma cara igualmente muito parecida com a do actual presidente da Comissão Europeia ter enganado milhares de pessoas numa cidade a 1600 quilómetros de Lisboa. Estava acompanhado de três indivíduos com caras muito parecidas com as de George W. Bush, Tony Blair e José Maria Aznar, todos tendo então impingido ao Mundo a existência de depósitos gigantescos de armas de destruição maciça no Iraque, usando isso como pretexto para a invasão daquele país e para uma guerra que ainda dura e causou já centenas de milhares de mortos.

Parece que o vigarista finlandês convenceu um transeunte "a comprar fatos e outra roupa de luxo que tinham sobrado de uma passagem de moda", ficando-lhe com 200 euros. Por isso tem a Polícia à perna.

Ninguém anda atrás dos quatro da Base das Lajes. Nem a sua consciência.


NOTA: O autor, com a sua conhecida ironia, toca num ponto que não é tão analisado como merece. A Justiça, por todo o mundo, castiga severamente pequenos delitos mas deixa impunes os crimes dos estadistas, por mais dramáticos que sejam. A bomba atómica no Japão, a destruição da Europa na II Guerra Mundial, e actualmente o Iraque e o Afeganistão, são crimes graves contra a humanidade, destruindo património cultural, histórico, arqueológico, e de utilização corrente e matando e estropiando número incontável de pessoas inocentes. Porquê? Para quê? Quem responde por isso?

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