segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Abate de automóveis

Segundo a notícia «Fim do incentivo ao abate ameaça sector automóvel», a partir de Janeiro, o incentivo de abate de carros velhos só será possível para quem comprar um eléctrico. As associações de comércio de automóveis dizem que é a medida mais gravosa para o automóvel prevista no Orçamento para 2011, ainda mais do que a subida de impostos.

Curiosamente, há pouco mais de um ano, o mesmo jornal trazia a notícia «Só isenção fiscal iria aumentar as vendas de automóveis», acerca de reivindicação das associações. Ela foi transcrita no post «Depois do BPN, o sector automóvel à mama» em que se reflectia sobre o sentido de gestão individual quanto ao momento da substituição do carro em função das suas condições de funcionamento em termos de segurança e de economia. Num momento de crise geral não se deve continuar com a tendência consumista e de ostentação de vender um carro ainda em boas condições de funcionamento.

Os lucros do sector automóvel não constituem um objectivo nacional que se sobreponha aos interesses gerais dos cidadãos que estão a sofrer sucessivos apertos de cinto.

No citado post consta entre muitas outras considerações o seguinte: o abate prematuro só serve para aumentar o negócio dos grandes grupos de importadores e vendedores. A pretensão das associações não pode ser um objectivo nacional, mas apenas um proteccionismo aos importadores e vendedores de automóveis novos.

Dos apoios a esses magnatas resulta prejuízo para o País por aumentar a dívida externa com mais importações, prejuízo para as pessoas que deixam de utilizar o carro enquanto pode funcionar com segurança e rentabilidade, prejuízo para os vendedores de peças e para as oficinas de manutenção e reparação, com o desemprego de muitos mecânicos de pequenas oficinas, por todo o país.

O bom povo deve ser ensinado a gerir os seus interesses e resistir aos apelos de vozes exploradoras das suas poupanças e dos dinheiros dos impostos.

Os governantes devem conhecer melhor as realidades dos portugueses em geral e não se limitarem a dar ouvidos às pressões de detentores do capital, ávidos de lucros à custa da exploração do povo menos informado.

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