Mais atenção ao interesse nacional!
(Public
em DIABO nº 231 de 14-05-2021, pag.16. Por António João Soares)
Cita vários aspectos que necessitam de alteração, como
muitos processos de grandes dimensões que se arrastam ou borregam durante
demasiado tempo e a Justiça, que devia ser rápida, acaba por demorar muito e
faz perder prestígio e boa imagem perante o povo, que devia olhar para ela e os
seus agentes com maior respeito e confiança.
A demora dos processos deve ser reduzida ao mínimo
possível, a fim de a pena ser sentida como efeito do acto cometido, a fim de a
população sentir o poder dissuasor, noção de que as acções incorrectas devem
ser evitadas para se evitarem as penas legais. E, apesar de a Justiça ser
representada com os olhos vendados, têm surgido casos que mostram que os réus
de colarinho branco são alvo de tratamento diferente do que pessoas simples,
perante casos mais modestos.
Infelizmente, em muitos outros ministérios também se passam
fenómenos que demonstram que os seus responsáveis não têm verdadeira
consciência de que a sua função primordial é defender os interesses nacionais,
isto é, da nação, que é igual ao somatório dos cidadãos. Mas ignoram as pessoas
e a sua aspiração de segurança e felicidade, pensam apenas nelas para lhes
sacar o máximo e, depois, gastam o dinheiro dos impostos de forma irresponsável
em assuntos alheios aos benefícios colectivos da nação. Se a Justiça pode ser
criticada por só agora ter tido tal percepção, a maioria dos ministros ainda
não se apercebeu que realmente ainda não obteve a verdadeira noção de que lhes
falta a consideração e o respeito das pessoas que dependem das suas decisões.
Acima de tudo devem colocar o respeito pelas vidas humanas, mas todos os dias
surgem notícias que desmerecem os governantes da confiança e respeito da
generalidade dos cidadãos.
Os altos cargos devem ser desempenhados por pessoas, com
formação moral e técnica adequada, com experiência de relacionamento social e
técnico que lhes permita agir com a máxima eficiência e preparar com
oportunidade as respostas globais e as de pormenor adequadas a cada caso em
cada momento.
A justiça social e a Justiça são iguais para todos e
dependem de um órgão de poder soberano independente, isento e imune a pressões
vindas de fora, de pessoas com poder financeiro que procuram benefícios
materiais lesivos da maioria dos cidadãos.
Uma conceituada jornalista de um semanário dizia que um
determinado ministro “não decide nada que não se transforme numa sucessão de
erros e mais erros”. E interroga como está ainda em funções e não foi já
mandado veranear? Errar é humano, mas os governantes consideram-se acima de
qualquer humano e isso devia ser motivo para serem mais cuidadosos nas suas
decisões, a começar pela escolha dos seus colaboradores e conselheiros mais
directos, a fim de serem mais apoiados para evitar erros.
Um caso muito visível e discutido pelas pessoas do interior
é o da prevenção dos incêndios florestais. Há quem aconselhe a organização da
floresta à semelhança da Galiza, mesmo a Norte da nossa fronteira, com a
quadrícula formada por aceiros que, em caso de surgir um incêndio num local,
não pode alastrar porque o aceiro, estando liberto de combustível, impede a sua
continuação.
Há também quem sugira uma rede de postes elevados com
sensores que localizem qualquer pequena chama e as imagens recolhidas por dois
ou três e transmitidas, com as respectivas direcções, ao posto mais próximo da
Protecção Civil permitem a saída imediata de uma viatura de bombeiros, que pode
apagar a chama com pouca água. Esta solução serviu de tema na tese de mestrado
de um senhor que trabalhava num restaurante próximo da estação da CP do
Estoril. Não me consta que já tenha começado a ser aplicado. ■
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