(Pulic em DIABO nº 2316 de 21-05-2021, pág 16.Por António João Soares)
Tem havido muitos pensadores a temer o risco de as democracias actuais estarem em degradação e poderem tender para a extinção, dando lugar a regimes autoritários, com prejuízo dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. Há casos em que estes não reagem de forma eficaz porque são controlados, de forma progressiva, de maneira a não se aperceberem da evolução do sistema de ensino, da justiça social, das prioridades e dos “cuidados” da Comunicação social em troca de subvenções a órgãos que se mostrem mais “politicamente correctos”, etc..
Como disse Ursula Von der
Leyen, “o bom entendimento tem vantagens”. Mas isto é verdade quando esse
entendimento resulta de um diálogo livre, sem pressões ou constrangimentos
entre as partes e estas estão devidamente preparadas para analisar o problema
em questão, em todos os seus aspectos, causas, factores condicionantes e
resultados previsíveis.
O bom entendimento entre Governo e os cidadãos ficou bem
evidente nas manifestações populares a Angela Merkel, durante vários dias por
toda a Alemanha, quando cessou, por sua iniciativa, as funções de chanceler do
país, que exerceu durante 16 anos. Pessoa simples sem vaidade, não se prestando
a imitar modelos de beleza, sem carro, sem empregada doméstica. E sem dar tacho
a familiares ou amigos e sem se prestar aos pecados tão generalizados em políticos.
Tal modelo de seriedade, ficou bem patente na despedida que o povo lhe fez
espontaneamente, ao deixar as funções.
O antigo presidente da Comissão Europeia Jean-Claude
Juncker considera que “não se pode construir uma União Europeia harmoniosa sem
cuidar das questões sociais”. Estas constituem encargo dos respectivos países e
só com boa governação de cada um destes se pode obter êxito para a UE.
A democracia aceita as liberdades de opinião e a existência
de partidos com pontos de vista diferentes na forma de defender os interesses
nacionais, mas estes devem ser definidos coletivamente, para que devam ser
aceites por todos os cidadãos e constituam objectivo comum a conquistar para um
melhor futuro da Nação, isto é, do conjunto de todos os cidadãos. Um governo de
democracia, deve ter como preocupação prioritária a segurança, a saúde, o
esclarecimento de todos os seus cidadãos. Para isso deve ter o cuidado de
conhecer as condições de vida existentes em todas as partes do território e, em
caso de dificuldades, deve dialogar para decidir, com realismo e eficácia, as
soluções a adotar.
Actualmente, estamos perante as medidas a tomar na
superação da crise provocada pela pandemia. O problema mais gritante é o
combate à pobreza que tem alastrado por toda a classe mais desfavorecida e já
abrangendo também parte da classe média, exigindo um maior e mais ágil suporte
social. Este suporte deve comportar acções do Governo, da Assembleia da
República, das Câmaras Municipais e, também, de ONGs com vocação e experiência
em assuntos de apoio social. Deve também incluir apoio da classe civil não
organizada, de cidadãos com disponibilidade financeira suficiente e vontade de
colaborar.
Um dos factores negativos a que convém fazer face é a
aversão à História Pátria e aos monumentos dedicados a datas e pessoas que
nelas se distinguiram. Todos nascemos no nosso solo pátrio, herdámos as mesmas
tradições e cultura, usufruímos o mesmo idioma e partilhamos o mesmo presente.
Devemos compreender as condições ambientais em que os antepassados viveram,
embora, no nosso dia-a-dia, apliquemos as lições aprendidas da história,
repetindo o que houve de bom e evitando o que consideramos errado.
O facto de termos tal herança comum acarreta uma
responsabilidade, de todos termos de nos respeitar mutuamente e merecermos a
garantia colectiva do pão de cada dia, o abrigo familiar e a esperança do
amanhã, que deve ser ministrada, para os mais necessitados, por adequados organismos
estatais. ■
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