terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Democracia é palavra decorativa distante da origem etimológica.



O povo gosta de paz, mas não sabe geri-la esforçando-se por desenvolver os seus pontos positivos e evitar tudo o que a possa deteriorar. As mudanças de governo e as de regime, raramente conduzem a um ambiente mais salutar em todos os aspectos da vida nacional. Nesta data, o exemplo mais visível é o do Egipto, em que a deposição do ditador não trouxe a felicidade desejada.
As reflexões advenientes das notícias sobre os acontecimentos no vale do Nilo, levaram a dar uma vista de olhos à Internet, para tentar compreender os males actuais da «democracia»

A Wikipedia diz:

Democracia ("demo+kratos") é um regime de governo em que o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos (povo), direta ou indiretamente, por meio de representantes eleitos - forma mais usual. Uma democracia pode existir num sistema presidencialista ou parlamentarista,republicano ou monárquico.
As Democracias podem ser divididas em diferentes tipos, baseado em um número de distinções. A distinção mais importante acontece entre democracia direta (algumas vezes chamada "democracia pura"), quando o povo expressa a sua vontade por voto direto em cada assunto particular, e a democracia representativa (algumas vezes chamada "democracia indireta"), quando o povo expressa sua vontade por meio da eleição de representantes que tomam decisões em nome daqueles que os elegeram(..).

O sistema de eleições que foi usado em alguns países capitalistas de Estado, chamado centralismo democrático, pode ser considerado como uma forma extrema de democracia representativa, onde o povo elegia representantes locais, que por sua vez elegeram representantes regionais, que por sua vez elegiam a assembleia nacional, que finalmente elegia os que iam governar o país. No entanto, alguns consideram que esses sistemas não são democráticos na verdade, mesmo que as pessoas possam votar, já que a grande distância entre o indivíduo eleitor e o governo permite que se tornasse fácil manipular o processo. Outros contrapõem, dizendo que a grande distância entre eleitor e governo é uma característica comum em sistemas eleitorais desenhados para nações gigantescas (os Estados Unidos e algumas potências europeias, só para dar alguns exemplos considerados inequivocamente democráticos, têm problemas sérios na democraticidade das suas instituições de topo), e que o grande problema do sistema soviético e de outros países comunistas, aquilo que o tornava verdadeiramente não-democrático, era que, em vez de serem escolhidos pelo povo, os candidatos eram impostos pelo partido dirigente.


E a realidade actual?

Na estrutura partidária, tal como agora funciona, a democracia directa fica demasiado onerosa aos contribuintes, pois cada referendo na busca de solução para os assuntos da governação fica caro na campanha de propaganda partidária devido aos custos que é hábito o Estado pagar aos partidos, os quais, por seu lado, se servem da propaganda para aliciar os eleitores menos informados e mais influenciáveis em sentido raras vezes benéfico para os interesses nacionais.

Mas a democracia representativa, também não satisfaz às razões e motivos que conduziram à criação do conceito. A delegação de poderes feita pelo eleitor no acto de votar pressupõe um contracto em que cabe ao eleito a responsabilidade de cumprir as promessas por si feitas para receber em troca, o voto. Mas tais promessas são esquecidas imediatamente após a contagem dos votos e as decisões do Governo, além de mal estudadas e fundamentadas, o que origina recuos e alterações, são resultado de intuições e caprichos, de pessoas mal preparadas, com a arrogância do «custe o que custar» e «doa a quem doer», sem o mínimo respeito pelos interesses colectivos dos incautos e confiantes eleitores.

E, assim, a palavra democracia serve apenas como decoração de oratória, no meio de palavras sem conteúdo, apenas destinadas a iludir os eleitores. É tão ornamental que vários Estados autoritários, com regimes de características ditatoriais se auto-denominam «Repúblicas Democráticas.

Os eleitores mais esperançados no futuro, desejosos de para ele contribuírem com o seu próprio esforço e receosos de regimes autoritários ou ditatoriais, acabam por se ver constrangidos a apoiar governos ineficazes, com o argumento de que terão «ao menos, o mal menor».

Mas, na realidade, tal como estamos a assistir desde há décadas, a democracia parece estar transformada em «ditadura a prazo renovável». Se a ditadura clássica dura até que o ditador morra ou seja apeado, em «democracia», dura um mandato a que podem seguir-se outros. Em vez de os contribuintes terem de enriquecer um ditador, têm de o fazer a vários e à volta deles ver crescer a hidra ou o polvo incontrolável e insaciável de «elites» milionárias enriquecidas ilegitimamente, com mordomias, tráfico de influência, promiscuidade entre público e privado, corrupção, etc. O poder financeiro do polvo constituído pelos políticos activos e já inactivos demonstra bem quão grande é a ambição de riqueza por qualquer forma e como lhes foi possível satisfazer esse objectivo...

Não é de admirar que haja muita gente esclarecida que tenha deixado de crer nas virtudes da democracia, tal como hoje é praticada, e considere que ela está próxima do fim. A capacidade das gentes de hoje, bem apoiada pelas facilidades dadas pelas novas tecnologias, hão-de permitir encontrar nova fórmula de governo mais transparente e controlável de maneira a satisfazer a vontade e os interesses colectivos. Só não será assim se as grandes maiorias se recusarem a intervir, ficarem indiferentes aos seus destinos e se submetam abulicamente aos abusos do feudalismo dos grandes poderes económicos e financeiros.

Ninguém é dono de ninguém e é indispensável que as pessoas não se deixem acorrentar por trelas de aço e recusem os sistemas em desenvolvimento que pretendem o controlo total de cada gesto, cada passo, ou cada palavra dos seres humanos.

Imagem do Google

2 comentários:

Celle disse...

Na simplicidade de uma dona de casa, com pouca ou nenhuma vivência política, sinto que está na educação e formação de caráter das pessoas a melhoria dos regimes existentes. Não é admissível a escravização do ser humano como se faz hoje em dia, e todos os regimes o fazem, quando não é pela força é pelas leis mal feitas ou não cumpridas,pela falta de respeito ao outro, pela corrupção, pela falta de responsabilidade com seus eleitores e seu irmão.
Resumindo, João, é como você sempre afirma,falta "Respeito ao próximo"...
Celle

A. João Soares disse...

Querida Amiga Celle,

Não se retraia ocultando-se detrás do pretexto de ser dona de casa, pois mesmo que fosse só isso com muita simplicidade, o que não é um retrato correcto, não deixa de ser eleitora e para tal precisa de estar informada e pensar como vai utilizar o seu direito de votar.

Como refere, o mundo seria muito melhor se todos se considerassem irmãos e respeitassem os outros tal como querem ser respeitados. Concordo que cada um deve ser pago conforme o seu trabalho, mas não posso aceitar que haja quem por fazer aquilo de que gosta ganhe 20 salários mínimos adicionados de mordomias, prémios e muitas outras regalias. Isso não contribui para a justiça social e para a sã convivência entre todos os cidadãos.

Beijos
João