quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Pobreza fruto de obscenidade do Estado social


O texto que a seguir se transcreve obriga a meditar sobre a incapacidade para ser concretizada a intenção de se criar um Estado social e, em vez disse, se deixar alastrar a pobreza e a transformar numa obscenidade geral e institucionalizada. Em vez de serem criadas medidas de justiça social, de tetos para os salários e as reformas, de limitações de instituições inúteis só interessando aos «boys», de redução de assessores dispensáveis, acabou por serem aumentadas inutilmente as despesas públicas, dilatadas as dimensões do fosso entre os mais ricos e os mais pobres, aumentada a quantidade de pobres, para o que contribuíram também os cortes em apoios sociais. Por cima de tudo isto, como diz o texto, os detentores do Poder ou a eles candidatos não têm tido escrúpulos de se servirem da miséria de grande parte dos cidadãos, eleitores, consumidores, clientes ou beneficiários, para fins eleitorais. Durante todo o tempo, ignoram e evitam procurar soluções para os carenciados mas, quando lhes convém, misturam-se com eles com ar paternal e excessiva dose de cinismo.

Eis o texto referido:

http://jn.sapo.pt/Opiniao/default.aspx?content_id=1740411&opiniao=Manuel%20Ant%F3nio%20Pina
Jornal de Notícias. 22-12-2010. Por Manuel António Pina

De repente (a caça ao voto abriu este ano em época natalícia), os políticos descobriram os pobres. Assim, nos últimos dias, Cavaco organizou nada menos que duas expedições aos pobres levando consigo um batalhão de jornalistas e câmaras de TV que o mostraram ao Mundo destemidamente no meio deles a dizer frases sobre a pobreza.

Sócrates é que não gostou pois, afinal de contas, os pobres, ou boa parte deles, são seus e dos seus governos.

De facto, ainda há dias o jovem "boy" encarregado, na Secretaria de Estado da Segurança Social, das exéquias do falecido "Estado Social" se gabava de ter conseguido, em poucos meses, tirar o Subsídio Social de Desemprego a 10 291 desempregados e o Rendimento Social de Inserção a mais 8 321.

E ontem o Ministério das Finanças anunciava festivamente, conta o DN, "uma luz ao fundo do túnel", com "os cortes nos apoios sociais aos desempregados e crianças (...) a ser decisivos para a contenção nos gastos e, logo, para o alívio no défice".

Anda o Governo a fazer pobres para Cavaco vir aproveitar-se desse esforço!

Também os candidatos Francisco Lopes e Fernando Nobre se engalfinharam um destes dias na TV cada um reivindicando para si a glória de conhecer mais pobres (e pobres mais pobres) do que o outro.
Não há dúvida de que os pobres é que estão a dar. Não só para o Governo poder ajudar bancos e grandes empresas mas também para os políticos exibirem na lapela.

Imagem da Net

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