Transcrição de artigo seguido de nota:
O que arde cura!
Jornal de Notícias. 12-09-2010. Por António Freitas Cruz
As televisões mostraram de raspão (quem sabe se envergonhadamente…) uma ideia que Miguel Cadilhe terá deixado cair algures por aí e que se poderá traduzir, salvo erro, mais ou menos assim: vale mais uma boa crise política do que um mau Orçamento. Ou seja, digo eu, o penoso deslizar para um pântano sem saída.
Não tenho competência para debater a proposição do prestigiado antigo ministro, mas aquilo a que chamarei, sem originalidade, o meu "feeling" diz-me que lhe assiste a razão.
Nunca se saberá o que seria melhor. Está totalmente fora de hipótese a concordância do presidente. Trata-se de um institucionalista inveterado, que defende o integral cumprimento dos mandatos e que, ainda por cima, se encontra à beira da sua própria reeleição: donde, estabilidade a qualquer preço, ainda que nos atire contra uma parede.
Quando Cavaco Silva ajudou a correr com um primeiro-ministro, deu-se mal com o fim da história. Se é certo ter conseguido que Jorge Sampaio despachasse a "má moeda", a verdade é que a "boa moeda" que lhe coube em sorte (e a nós também!) não era, afinal, assim tão boa. Por acaso, até era bem pior.
De modo que, com a irresponsabilidade própria de quem não tem poder, assim a modos que um bloquista ou um "pêcê" (ambos já sem a ditadura do proletariado), e beneficiando do estatuto ímpar da impertinência, eu apostava na crise política.
Afinal, o que arde - cura!
NOTA: Quando os raciocínios se prendem com pequenas coisas e os argumentos giram à volta do mesmo ponto, é impossível sair do labirinto, orientar-se na floresta. Haja quem grite «o Rei vai nu» !
Pelos vistos Cadilhe indicou a pista para sair do circuito fechado. O autor do artigo diz que tinha um «feeling» e seria correcto se os políticos institucionais não se prendessem a olhar para os interesses intestinos da luta pelo poder ou pela sua manutenção, esquecendo-se dos interesses nacionais.
O Orçamento, sendo bem preparado, a pensar em Portugal, poderá ter efeitos benéficos sobre o futuro dos portugueses nos próximos anos, ou até décadas. Por outro lado uma crise política traz perturbação e despesa nos próximos meses mas o País pode beneficiar se os portugueses souberem e quiserem escolher bons representantes, com capacidade para fazer uma gestão pública eticamente correcta.
Por isso deve ser dada prioridade à qualidade do Orçamento a aprovar, mesmo que isso tenha custos, de momento.
Imagem da Net.
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