O futuro é uma incógnita
(Publicado no semanário O DIABO em 28 de Agosto de 2018)
Na vida tudo muda e nem a Natureza nem o clima se mantêm imutáveis, mas a democracia surpreende-nos a cada passo. E o que não é agradável é que há grandes males que as mudanças não curam, parece que cada mudança é apenas um gesto enganador para que tudo continue na mesma.
Agora aparece um artista a usar a marca de um industrial de vinhos, Aliança, que, antes de criar o partido, já está a plagiar o programa de outro criado recentemente, Iniciativa Liberal. O seu objectivo parece ser o desejo de liderar um partido, e não ser propriamente melhorar a situação interna e externa do País. Pois, no partido a que pertencia e de que saiu voluntariamente, podia colaborar com o seu amigo Rio que está no topo, por forma a ser escolhida uma estratégia bem definida para avançar num rumo seguro para uma boa gestão dos interesses nacionais e criar uma melhor qualidade de vida para os portugueses, que tão abandonados têm sido.
A criação de mais um partido à direita do PS pode acabar por reforçar a vantagem eleitoral deste. Mesmo admitindo que todos os abstencionistas se convençam a ir às urnas e que a maioria deles vote na área da direita, se com dois partidos já era difícil um deles ter a maioria, quando houver divisão dos votos pelos quatro, dá a cada um uma fatia que pode ser menor do que a do PS. E lá vai continuar o País a viver num clima de soporífera realidade, numa atmosfera de sucesso ficcional, num marcar passo sem as decisões necessárias. Mas, nisso, pode surgir alternativa à actual geringonça em que haja um encosto à direita aproveitando a simpatia de Rio. Esta poderá ser uma consequência do aparecimento de mais um partido na área da social-democracia. E Portugal ganhará muito com isso? Serão dois indecisos a marcar passo mais ou menos juntos.
Será que veremos o pântano referido por Guterres, agora ficar a ser agitado por dois indecisos, em quem alguns portugueses depositaram esperança, a marcar passo sem avançar, e soprando palavras bem sonantes, com esperanças enganadoras, mas sem concretização real? Curiosamente, perante a opinião generalizada de que a pior doença de Portugal é a corrupção epidémica criadora de novos milionários à custa do Estado e da desvirtuação da função pública, não se vê intenções claras de a combater activamente, dando à Justiça legislação que permita aos tribunais julgar rápida e correctamente os casos mais gritantes, todos relacionados com os mais altos cargos do Serviço Público e que passam ao abrigo de imunidade a beneficiar de impunidade. Quem rouba uma carcaça para matar a fome é preso, mas quem se apodera de milhões fica em liberdade, como se vê em nomes bem conhecidos.
Atrás foram alinhavadas hipóteses possíveis, dentro das hipóteses permitidas pelos mistérios do futuro. Mas, com elas, perpassou o desejo de que os nossos eleitos, governantes e de outros altos cargos, se concentrem com alta prioridade, nos essenciais interesses nacionais, para melhorar a imagem de Portugal e a qualidade de vida dos cidadãos.
Os políticos não são apreciados pelos cidadãos mais atentos, não inspiram confiança e não geram esperança em melhor futuro. “Os actuais partidos na AR defendem mais o Estado a meter-se nas nossas vidas do que as nossas vidas a serem facilitadas pelo Estado”. Se a democracia é o poder do povo, as decisões devem partir das vontades e das necessidades dos cidadãos e não da política autoritariamente imposta aos cidadãos.
É desejável que o sistema político-partidário e o sistema eleitoral sejam revistos por forma a que o País entre numa rota de desenvolvimento com uma convergência de vontades obtida por consultas populares, para felicidade de todos e para que extremistas e radicais sejam contidos na proporção e na lógica que lhes é adequada.
António João soares
21 de Agosto de 2018
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