domingo, 11 de julho de 2010

Para onde vamos?

Transcrição seguida de NOTA:

O PS estará Vivo?
Jornal de Notícias 08-07-2010. Por Diogo Feio

Em semana de grandes discussões sobre a utilização da golden share do Estado na PT, o PS realizou as suas jornadas parlamentares. Estas são sempre um momento de reflexão e apresentação de propostas concretas por parte dos grupos parlamentares. As expectativas estavam ainda mais aguçadas quando se poderia conhecer o pensamento estratégico de personalidades tão relevantes como Mário Soares, António Vitorino, Santos Silva, Ferro Rodrigues, Paulo Pedroso ou António Costa.

Nada começou pelo melhor, pois ainda antes do início já se noticiava que existiriam contactos por parte de Ferro Rodrigues para encontrar um sucessor a José Sócrates. Após a corajosa assunção de vontade feita por um político preparado como António José Seguro, aparentemente começam a surgir movimentos que demonstram fatalidade e desânimo por parte das hostes socialistas. Mas ainda mais graves são as afirmações feitas pelas personalidades convidadas. António Costa afirmou que o PS não pode ter vergonha da vitória eleitoral; Mário Soares disse que falta debate interno num PS que vive a dificuldade de um governo minoritário numa altura de crise; e, por fim, Paulo Pedroso e Santos Silva discutiram a possibilidade de o PS ter entendimentos à Esquerda, assumindo o último orador, com a elegância que lhe é reconhecida, que a esquerda do PS corresponde ao andor da Direita portuguesa.

Tudo isto demonstra que o PS vive num labirinto estratégico. Se perante a falta crónica de parceiro à esquerda, se juntar o apoio envergonhado a Manuel Alegre, nota-se que o PS depende do colo magnânimo do PSD - que nunca recusa uma boa fotografia - e lá aparece a salvar os planos de austeridade, os aumentos de impostos ou as SCUT. Eu não sei se o PS precisa de parceiro à Esquerda, se tem de debater ou assumir com orgulho a maioria relativa. O que sei é que não aparece um rumo de Governo. É por isso que estranho que nestas jornadas ninguém tenha perguntado - afinal, para onde nos levas José?

NOTA: Qual o rumo? Uma boa pergunta, mas sem resposta. Falta aos governantes um método de preparação das decisões do género do que está descrito em «Pensar antes de decidir», o que começa por definir objectivos e uma linha estratégica, um rumo.

A interrogação faz recordar uma história passada num quartel no dia festivo do Juramento de Bandeira. O Comandante, com pouco tempo nesta unidade, estava interessado que a cerimónia decorresse com o maior brilhantismo. A assistência era numerosa e a festa era presidida pelo General Comandante da Região Militar. Mas parecia que havia um nervosismo generalizado e as falhas sucediam-se nos momentos mais críticos, desde passos trocados, engasgamento na leitura da fórmula do juramento, na leitura dos deveres militares e na actuação da banda.

O comandante, que era de educação esmerada e muito controlado no tom de voz e nas palavras que utilizava, não conseguia ocultar o seu mal-estar. No fim, o chefe da banda aproximou-se e, depois das formalidades regulamentares perguntou: Meu comandante, para onde vamos e o que tocamos? A resposta saiu inesperadamente com o uso de um termo caserneiro fora do uso habitual do comandante: Vão à m… e caladinhos.

Fica aqui uma possível resposta para a pergunta com que o autor termina o artigo!!!

Imagem da Net.

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