sexta-feira, 4 de junho de 2010

Direito a não ser pobre

O artigo do JN com este título, que merece ser lido, refere o corte de salário de 1,5% aos trabalhadores normais e de 5% aos gestores públicos e aos políticos, sem no entanto se verem previsões de reestruturações da máquina do Estado tendentes à redução de despesas e à racionalização do sistema administrativo cujas falhas sucessivas originaram a crise que nos preocupa. E que voltarão a gerar nova crise se não forem sujeitas a terapia devidamente aplicada.

O actual sacrifício afecta apenas as classes média e baixa que são sempre as prejudicadas tal como o mexilhão ou a relva dos estádios de futebol. Efectivamente, para quem ganha pouco, um corte de 1,5% representa um pão a menos na mesa da família em que já se come menos do que o necessário para manter a vida, enquanto 5% a menos nos proventos de milhões mensais de políticos e de gestores públicos pode significar uma pequeníssima redução no investimento em acções ou outras aplicações financeiras, numa carteira já recheada de valores que apenas serve para alimentar a vaidade relacionada com o volume da fortuna, mas que não se reflecte na vida corrente de alimentação, saúde , renda de casa, vestuário, etc.

Enquanto o pobre conta o dinheiro tendo o cêntimo como unidade, o milionário nem precisa de o contar e refere-o com base no milhão de euros como unidade de medida. Para apreciar os efeitos sociais dos tais sacrifícios é preciso focar bem a óptica conforme o caso a referir.

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