terça-feira, 16 de agosto de 2022

O PASSADO E O FUTURO

 (Public em DIABO nº 2380 de 12-08-2022, pág 16, por António João Soares)

Antes era passado e agora tem início a preparação do futuro, o que nos exig o maior cuidado na sua preparação e organização para não deixarmos muitas coisas ao sabor do imprevisto. O passado não pode ser alterado nem deve ser repetido às cegas sem cuidar da sua coerência com as condições actuais. Mas não convém ser abandonado ou obsessivamente desprezado, porque o passado é origem do nosso saber e da nossa experiência da vida. E a experiência diz-nos que poucas coisas devem ser repetidas à letra. Houve conceitos que foram repetidos por distracção ou com pouca reflexão e que não devem ser tidos como bons exemplos.

O Santo Padre, numa recente visita ao Canadá, disse que uma Igreja que não actualiza o pensamento no sentido eclesial retrocede na convicção de que está correcta ao seguir procedimentos considerados tradicionais que hoje devem ser considerados «antiquados». A tradição, considerada por muitos como «a fé viva dos mortos», deve ser considerada pelos inteligentes realistas «a fé morta dos vivos». A tradição, no melhor sentido, deve ser como a seiva das raízes que faz uma árvore crescer, sempre mais e mais. Estas palavras papais referem-se a sentimentos religiosos que originaram conflitos, por vezes, violentos entre sectores de crentes de diversos grupos de cristãos nativos da parte menos evoluída daquele país.

 

No artigo aqui publicado, no passado dia 9 de Abril, sugeri que a Igreja incentivasse a moral e a ética social, levando os crentes a raciocinar sobre as palavras das orações que pronunciam com frequência mas sem pensarem no seu significado. «Por exemplo, raras são as pessoas que percebem as três lições constantes da segunda parte da oração “Pai Nosso”». O pão nosso de cada dia, perdoar as ofensas que nos são dirigidas, não cair em tentação e evitar o mal. Não devemos pedir ajuda divina para governar cada pormenor da nossa vida. Tal milagre pedido ao divino deve ser praticado por cada um, em permanência, orientando o seu comportamento da forma mais natural, moral e ética, a fim de não cometer erros que precisem de ajuda para serem remediados. A religião deve incentivar a luta pela dignidade humana, pela liberdade e pela paz social e preparar o futuro de forma a termos mais harmonia, paz e felicidade.

Sugeri a difusão da vantagem da aplicação constante dos «mandamentos», bem explicados de maneira a serem praticados, por todos especialmente pelos políticos que estão habituados a ordenar actos ilegítimos que prejudicam seriamente povos pacíficos e inocentes, como tem sido o caso da Ucrânia e de tantos outros actos de terrorismo que afectam gente honesta e trabalhadora.

O respeito pelos outros é fundamental para vivermos em paz sem invejas, ódios nem ambições e, quando surgem dúvidas, quanto a limites dos interesses das partes, a melhor solução consiste no diálogo e, se necessário, com o recurso a intermediários independentes e amantes da paz. Qualquer acto de violência, na sua contabilidade final, traz mais prejuízos do que ganhos para qualquer das partes.

A Igreja deve orientar o seu esforço para que os ensinamentos da fé sejam devidamente aplicados para a felicidade e a segurança dos povos, de todos os povos, e sejam evitados acontecimentos indesejados e desgastantes da boa qualidade de vida que os evangelhos apontam como ideal. Para isso, é esperada a colaboração de todos os sacerdotes e dos seus melhores praticantes.

Esse esforço bem orientado contribuirá para um FUTURO melhor de toda a humanidade, sem a ambição, a ganância, a inveja, o ódio, a violência, nem guerras, e respeitando os outros, como irmãos.

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