sexta-feira, 19 de março de 2021

RESPEITAR A NOSSA HISTÓRIA

 

Respeitar a nossa história

(Public em DIABO nº 2307 de 19-03-2021, pág 16, Por António João Soares)

 Portugal foi grande no mundo, mas não conseguiu manter a sua posição.

Do contacto dos nossos navegadores com a China, esta arrancou para o desenvolvimento e tem continuado em ritmo acelerado. Mas, pelo contrário, no Ocidente temos verificado um adormecimento, ou um exagerado repouso, no gozo de êxitos obtidos, esquecendo a conveniência de os continuar e tornar extensivos a novas situações e oportunidades, para bem das gerações vindouras. Em Portugal não se conseguiu evitar a queda nas listas em relação aos outros países, onde temos vindo a baixar de nível económico. Esta nossa queda tem sido aproveitada por jovens que se consideram “donos da verdade absoluta”, para condenar todos os nossos valores, história e tradições, esquecendo os pontos altos e dignificantes do passado, que errar é humano e que tais erros ocasionais não devem eliminar os actos positivos que dignificam a nossa história e devem ser motivo de orgulho dos nossos compatriotas.

Um dos pontos altos da nossa história, além de termos sido o farol que ajudou a despertar a China para o seu desenvolvimento, é a referência ao facto, citado pelos historiadores recentes, de que Portugal foi o autor das condições básicas para a criação da globalização, ao dobrar o Cabo das Tormentas, depois denominado da Boa Esperança, que permitiu a ligação entre o Atlântico e o Índico ou, na prática, entre a Europa e o Oriente, dando “Novos Mundos ao Mundo”. Este nosso passo histórico, e o conjunto de outros com ele relacionados, deve ser recordado com prazer, vaidade e orgulho das coisas grandiosas da nossa História. E não devemos pactuar com migrantes sem vergonha que nos pretendem enxovalhar e que se comportam como colonialistas que nos querem privar do nosso património histórico, das nossas tradições e valores éticos e chegam ao ponto de dizer que “deve ser morto o Homem Branco”.

E ao falarmos da História, não devemos limitar-nos aos séculos mais antigos. Pois é curiosa a comparação feita por alguns escritores entre o pós-25 de Abril e igual período anterior. Até 1974, não havia dívida externa e foi deixado um bom pecúlio, que depois foi esbanjado sem deixar rasto e substituído por dívida, por crises que obrigaram a ajuda externa, como na solução da criada pelo Governo de Sócrates. No período anterior enriqueceu-se o património público, criando-se hospitais, estabelecimentos de ensino superior, escolas primárias em muitas aldeias, palácios de Justiça em muitas cidades, novos quartéis militares e instalações para forças de segurança e bombeiros, construíram-se pontes, estradas, etc. E depois? Houve aumento de impostos e o benefício daí resultante foi mais emprego nos governos, em ministros, secretários de Estado e inúmeros “boys” e “girls” das jotas, cuja vantagem foi reduzir o desemprego de quem não tinha preparação para se empregar, e que obtiveram amizade com pessoas interessadas nos seus favores como intermediários. Assim, se aumentou a corrupção.

O esbanjamento, com 119 observatórios e outros tachos parecidos, sem utilidade visível, chegou ao ponto de alguém do PS pedir o encerramento de observatórios para desenvolvimento, por custo exagerado e ausência de resultados.

A reeleição do PR e a actual responsabilidade do PM na gestão da EU devem ser aproveitados pelos mais altos responsáveis para aperfeiçoarem os actos públicos na preparação das decisões oportunas para corrigir muitas coisas erradas e organizar as funções públicas, de forma a tornarem- -se menos burocráticas, com menos gastos, com mais rapidez e eficácia, enfim, mais úteis aos interesses nacionais. Para este efeito, será necessário que o sistema de controlo garanta correcta execução, a todos os níveis, das decisões tomadas, evitando duplicações e corrupção, com o máximo respeito pelos interesses dos contribuintes, isto é, do interesse nacional. ■

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