domingo, 18 de outubro de 2020

O MUNDO É DE TODOS NÓS


(Public em O DIABO nº 2285 de 16-10-2020. Pág 16, Por António João Soares)

A pandemia do coronavírus atingiu todo o Mundo e não se ficou pelos idosos nem pelos sem-abrigo. Poderosos governantes foram atingidos, como foi o caso de Donald Trump e da sua esposa. Esta é uma das várias lições que nos são dadas pela pandemia e devemos aprender. Somos todos habitantes do planeta Terra e a Natureza trata-nos como iguais. E perante esta lição, devemos interrogar-nos: para que servem a ambição, a vaidade, o uso da violência para impor a própria vontade e tomar posse das potencialidades naturais de estados mais fracos?

A harmonia e a amizade tornam mais fácil a melhor utilização das capacidades mais úteis que a Natureza coloca ao nosso alcance e também permitem o combate convergente aos males naturais que nos podem surgir, como aconteceu com a pandemia que ainda nos preocupa. De mãos dadas, em acções combinadas, convictos de que somos parceiros da mesma equipa, somando os esforços individuais, orientados para objectivos de interesse colectivo, podemos obter a maior felicidade e melhorar a qualidade de vida de toda a humanidade.

O diálogo e o convívio amigável facilitam a felicidade pessoal, de grupos e de sistemas internacionais. Há poucos minutos vi a notícia de que, depois de 17 anos de conflitos entre diversas partes do Sudão que custaram dois milhões de vidas e quatro milhões de desalojados, o governo de transição e cinco movimentos armados assinaram um acordo de paz que coloca um ponto final nessa crise indesejável. A intenção é alcançar um equilíbrio entre a paz global e a transição para a democracia para conduzir à estabilidade política e ao desenvolvimento, pela primeira vez desde a independência, há mais de 60 anos.

Felizmente, há mais governantes de preponderância na política internacional dispostos a ajudar a restabelecer a paz onde ela está a fracassar. Já sobre o conflito na região separatista do Azerbaijão, conhecida por Nagorno-Karabakh, onde há cerca de duas semanas decorrem combates mortíferos, houve unanimidade de Putin e Macron ao apelarem para o fim «completo» dos combates e ao afirmarem estar prontos a intensificar esforços diplomáticos para ajudar. Exortaram as partes em conflito ao cessar-fogo e a, rapidamente, reduzir as tensões e mostrar o máximo de contenção.

Perante as presidenciais previstas na Costa do Marfim para 31 de Outubro, reúnem-se no início do mês, em Abidjan, representantes dos países da África Ocidental, União Africana e Nações Unidas e Costa do Marfim, numa missão de «diplomacia preventiva» tendo em vista a eleição presidencial. A comitiva foi liderada pela ministra dos Negócios Estrangeiros do Gana, país que preside actualmente à comunidade regional de países da África Ocidental e os seus elementos terão encontros com membros do governo e responsáveis de instituições envolvidas na organização das eleições bem como com os candidatos e partidos políticos.

Estas medidas para a paz são positivas e os apelos do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, são muito louváveis ao apelar, em vários casos, aos acordos de paz e ao disponibilizar altos funcionários para dar ajuda para fomentar o diálogo e negociações preparatórias. Também têm sido notáveis os esforços para a solução da tensão na Bielorrússia devida a suspeitas no resultado das últimas eleições presidenciais e desejo generalizado de novas eleições, devidamente controladas. Também a tensão entre os EUA e o Irão tem sido alvo de procura de solução pacífica. No entanto, todos os esforços têm sido insuficientes, porque há grandes interesses por detrás da violência e os terroristas continuam a fazer estragos, por apoio dos fomentadores de conflitos. A invasão do Iraque em 2003 foi suscitada pela indústria de armas a pretexto da existência de armas de destruição maciça que depois não foram encontradas.

No início deste ano, 39 pessoas morreram num ataque ‹jihadista› perpetrado contra um mercado numa localidade do norte de Burkina Faso. No princípio de Agosto, indivíduos pertencentes ao grupo islâmico Boko Haram atacaram a população, no norte dos Camarões, causando 18 mortos e 11 feridos.

Façamos tudo o que pudermos para a paz e harmonia deste mundo que é de todos nós. ■

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