segunda-feira, 5 de novembro de 2018

A TECNOLOGIA ESCRAVIZA

A tecnologia escraviza
(Publicada no Semanário O DIABO em 06 de Novembro de 2018)

Os séculos passaram, o conhecimento aprofundou-se, as tecnologias permitem melhorar o nível da civilização, mas a maioria das pessoas está cada vez mais dependente de ideias tóxicas, que alguns pseudo-intelectuais distribuem, sem cerimónia, a todos os que têm acesso à comunicação social e redes electrónicas. E isto não se passa apenas com o povinho menos esclarecido, pois há governantes e doutores a evidenciarem sintomas e indícios de tal toxicidade.

Há dias foi a encenação de Tancos que serviu para expandir o tóxico de que o Exército embarcou numa manobra de apagamento da sua imagem de dignidade que parecia bem consolidada. Depois, veio a aversão à PSP que tem sido duramente vilipendiada devido a uma fotografia de três criminosos fugidos do tribunal em que iam ser ouvidos e que, num prazo curto foram recapturados por agentes daquela força de segurança que tem por missão a defesa de todos os cidadãos. A rapidez da recaptura devia ter sido motivo de elogio da competência e do espírito de missão que evitaram que os criminosos fossem fazer mais atropelos contra a segurança das pessoas, como tinham feito antes. Poucas pessoas se manifestaram com apreço. Houve alguém que lançou uma campanha de acusação à fotografia porque ela era crime contra o direito de privacidade dos criminosos que têm mostrado não respeitar qualquer direito das suas vítimas. E nisso embarcou muita gente de mente atrofiada, vítima da toxicidade difundida pelos fanáticos da ideologia anti-social que pretende demolir todos os valores da Humanidade. Até o Ministro da Administração Interna, em vez de elogiar a rapidez e eficiência dos seus agentes policiais, embarcou na campanha demolidora do respeito que eles devem merecer da Nação, reduzindo o seu discurso à fotografia que não devia ter sido vista nos jornais.

Critica-se o PM por ter aceite o pedido de demissão de um ministro de quem se disse que concordou com a encenação dos acontecimentos atribuídos a militares no caso Tancos e, antes, houve quem o aplaudisse por manter o MDN e o CEM dizendo que mereciam a sua confiança, mas logo se iniciaram campanhas demolidoras contra estas entidades, dizendo que a decisão pecou por tardia. Ele acabou por encarar a realidade com coragem, ultrapassando possíveis inconvenientes eleitorais e tomar a decisão lógica, certamente convicto de que “errar é humano” e “vale mais tarde do que nunca” e aceitar os pedidos de demissão e fazer a escolha de substitutos. Teimar na protecção de amigalhaços é positivo mas não deve ser demasiado nem incondicional.

A tecnologia sujeita o ser humano e regras e condições impostas pelo uso da máquina mas, quando usada na comunicação, ela presta-se a violência psíquica de domínio de multidões, com a agravante de estas, subjugadas a forças insistentes e poderosas, se transformarem em cordeiros obedientes que se deixam arrastar para situações dramáticas, como explica a juíza brasileira Andrea Barcelos no vídeo que explica a ideologia do género e a cultura da morte e deixa visualizar os primeiros passos para um apocalipse, mais moderno do que o profetizado na Bíblia.

No Brasil as eleições presidenciais mostraram a força de tal ideologia. Na primeira volta, um candidato mostrou ter muita aceitação por defender a ordem, a segurança, o respeito pela dignidade das pessoas, a legalidade para terminar com a série de abusos que permitiram a uma minoria explorar impiedosamente a maioria. Mas o seu opositor pôs em marcha uma estratégia, não com a ostentação das suas capacidades e intenções, mas com a demolição da imagem do rival, pintando-o como ditador, autoritário, fascista, etc., ocultando que a alternativa seria a continuação dos erros recentes, a instabilidade social, a violência, a insegurança e os atropelos à dignidade das pessoas.

Com a liberdade dada a tais procedimentos o futuro seria muito problemático. ■

António João Soares
06-11-2018


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