sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

CHUVAS FORTES E INUNDAÇÕES

 (Public em DIABO nº 2399 de 23-12-2022, pág 16, por António João Soares)

Veio nos jornais o alerta da Proteção Civil para a possibilidade de cheias e pediu à população para adoptar «medidas de autoprotecção». Sempre ouvi dizer que mais vale prevenir do que remediar. Sobre este alerta já Marques Mendes disse na Imprensa que foi dado «tarde e a más horas». Há medidas que devem ser tomadas com mais antecedência e com efeitos permanentes. Com efeito, os responsáveis pelas vias públicas e pelas construções nas cidades devem saber e actuar de forma preventiva, ao planearem os seus trabalhos. Por exemplo, devem construir as vias públicas com inclinações que evitem ficarem sujeitas a lençóis de água causadores de graves acidentes, para o que deve haver um ligeiro declive do meio da via para cada lado e, nas bermas, deve haver escoamento suficiente para os dias mais chuvosos.

No licenciamento de obras urbanas deve ser exigido que os projectos de habitação não tenham acessos ao nível da rua, mas com um degrau ou rampa de 20 cm de altura para evitar que a água da chuva penetre nas instalações do rés-do chão ou das caves.

A água das ruas deve ter um escoamento suficiente de modo a não haver inundações como as que têm sido noticiadas em muitas cidades. E não basta serem bem construídas, é preciso ser respeitada a sua capacidade permanente de escoamento. Por exemplo, em Lisboa houve situações de perigo para a sua complexa rede de esgotos de águas pluviais durante a construção do metropolitano e de outras obras. Há zonas muito sensíveis por serem pontos de confluência de vários sistemas radiais, como Sete Rios, Marquês de Pombal, Rossio, Praça da Figueira, etc. E, em tais locais é preciso ter muito cuidado com trabalhos que possam afectar a eficácia do escoamento de águas.

O alerta da protecção civil é útil para os cuidados a ter pelas pessoas mas deve ser devidamente interpretado pelos responsáveis pela engenharia dos municípios a fim de ser mantida a estrutura de escoamento de águas completamente operacional para evitar inundações danosas. A capacidade de escoamento não deve ser sacrificada, por construções no subsolo que as afectem, devendo ser encontradas soluções adequadas aos interesses em jogo.

Pode haver quem me critique por estar a ser exagerado. É certo que, em tais serviços, responsáveis pela segurança da população, nem sempre estarão a ser colocados técnicos competentes, mas por vezes, apenas pessoas sem preparação e sensibilidade para o problema, porque são da família de governantes ou seus amigalhaços, em troca de favores. Neste assunto, tal como quando se trata do SNS, a nomeação exige muita seriedade e sentido de responsabilidade, porque trata-se de serviços em que estão em perigo vidas e altos valores patrimoniais.

Quando se discutia a passagem do metropolitano no Marquês, houve pessoas que apenas se referiam a aspectos superficiais, esquecendo que nesse ponto confluem águas vindas de uma extensa área a montante.

Sugiro à Proteção Civil que alerte os serviços municipais respectivos sobre os cuidados a ter com a inspecção do escoamento das águas das chuvas para garantia de que estão bem preparados e conservados ou precisam de cuidados especiais para poderem cumprir a sua finalidade nos casos especiais que estão a ocorrer e poderão vir a ser ainda mais graves. A prevenção não pertence apenas às pessoas, mas principalmente a serviços responsáveis quando se trata de situações estruturais.

É imperioso que se previnam desastres pessoais e danos materiais provocados pelo perigo das chuvas fortes que ameaçam inundações altamente danosas.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

TODOS DEVEMOS SER RESPEITÁVEIS

(Public em DIABO nº 2398 de 16-12-2022, pág 16, por António João Soares)

Um tema muito debatido nas datas mais recentes é o dos direitos humanos, em que um ponto saliente é o do respeito pelos outros. Mas, infelizmente, há muita gente em funções de responsabilidade que não procura merecer o respeito que lhe devem ter. Quem tem o encargo de nomear pessoal para os serviços públicos deve escolher pessoas com competência e conhecimento das funções que lhe vão ser atribuídas, por forma a serem respeitáveis por todas as pessoas do seu contacto.

Depois do tiroteio numa escola primária no Texas em que morreram 19 alunos, todos menores, e duas professoras, soube-se que nos EUA, desde o início do ano, houve mais de 17 mil mortes provocadas por armas de fogo. E este trágico fenómeno não tem acontecido apenas nesse país, pelo que exige ser devidamente analisado, para evitar a insegurança das pessoas. O fabrico de armas mortíferas e a sua venda devem ser devidamente controlados, para se evitar estes casos lamentáveis que vitimam pessoas completamente inocentes, como foi o caso desta escola.

A humanidade não deve ter medo, apenas, das armas nucleares, deve estar defendida de outros objectos fatais que são fabricados e vendidos, sem sentido de responsabilidade, sem controlo nem fiscalização, apenas com a ganância do lucro e ambição do dinheiro e com protecção de autoridades corruptas. A vida está cada vez mais ameaçada por actividades aparentemente inofensivas, mas realmente muito perigosas e sem uma utilidade totalmente explícita e justificada. 

O ensino deve ser efectuado por forma a criar nas crianças, desde a mais tenra idade a noção da ética social, e a necessidade de respeitar todos os seus semelhantes e, também, merecer ser respeitadas por todos.

Mas a educação tem sido deixada um pouco ao desmazelo e surgem muitas notícias que mostram que os jovens crescem um pouco ao acaso, porque até a comunicação social não procura contribuir para aperfeiçoar os comportamentos. A criminalidade, talvez por efeito da pandemia, tem aumentado desde a doméstica a todos os diferentes casos. Há dias, vi a notícia de que a PSP deteve sete jovens, sendo um de apenas 14 anos, após realizarem um assalto nas proximidades do centro comercial Colombo. Talvez fossem levados a isso, por falta dinheiro para se alimentarem, mas hoje já sistemas de apoio para isso, talvez fosse para o vício da droga, mas o facto de serem sete, mostra uma actividade colectiva, despudorada, sem qualquer respeito pela propriedade alheia e sem receio de serem detectados. E a droga não constitui uma necessidade vital que leve a cometer crime. E não parece ser difícil a jovens dedicarem-se ao trabalho para granjear o «pão de cada dia».

Mas a necessidade de um comportamento correcto ou mesmo exemplar não se restringe aos jovens pois há pessoas que deviam ser respeitáveis e desmerecem essa condição. Vi uma outra notícia que também merece reflexão. Nas Honduras, um antigo deputado foi detido, depois de ter sido procurado para extradição pelos Estados Unidos devido às ligações ao tráfico de droga. Ele estava em fuga desde julho de 2018 depois de ter completado o segundo mandato como deputado, quando um tribunal federal em Nova Iorque solicitou a extradição.

O caso deste ex-deputado, evidencia que não há cuidado especial para observar as qualidades e os defeitos daqueles que os políticos tomam como candidatos para serem votados pelos cidadãos e depois de eleitos, devem ser muito vigiados e devidamente sancionados. A tolerância deve ter limites para que os que a decidem sejam respeitáveis.

Os governantes para serem merecedores do respeito dos cidadãos mais humildes e cumpridores devem criar condições para que os cidadãos sejam cumpridores e respeitáveis desde o ensino escolar, passando pela vida prática, e ao ocuparem funções públicas. E não podem permitir corrupção nem criar excepções a favor de amigalhaços.

É preciso uma campanha de reabilitação abrangendo pessoas de todas as idades que tenham sido detectadas por uma vigilância persistente nos sectores sociais onde os casos indesejáveis forem mais frequentes

As pessoas não valem aquilo que evidenciam nas suas palhaçadas, valem o que é demonstrado nas suas acções e decisões, a favor do futuro nacional.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

A HUMANIDADE SERÁ VÍTIMA DA AMBIÇÃO DE ALGUNS

 (Public em DIABO nº 2397 de 09-12-2022, pág 16, por António João Soares)

O problema não é novo mas está a ser exageradamente empolado. Recordo a história da carraça na orelha do velhote que o médico da aldeia aproveitou para obter o dinheiro para poder pagar os estudos do filho que se formou em medicina. Já é um caso muito antigo mas hoje está muito agravado. Há muitos medicamentos a serem substituídos não por terem sido ineficazes, mas por serem muito eficientes, curando rapidamente doenças e estas, agora, constituem um bom elemento para o rendimento de médicos, farmacêuticos e outros profissionais da saúde. O objectivo destes é a manutenção do cliente e, para não o perderem, ele deve manter-se doente, embora com sintomas controlados.

Contaram-me um caso e pediram-me que mantivesse em segredo o relator. Este senhor foi chamado para a entrevista uns dias antes do seu internamento num lar de idosos e uma das tarefas que lhe apresentaram foi o encontro com o médico que olhou atentamente para a documentação sobre o seu estado de saúde. Ele não se queixava de doenças e a razão do seu internamento foi apenas para evitar a solidão, por ter uma família muito reduzida e com pouca facilidade para lhe dar o necessário apoio: a filha demasiado zelosa pela sua profissão e pelo tratamento da casa para a qual não tinha empregada e de que se ocupava activamente nos fins de semana, e dois filhos já casados e com filhos, a viverem no estrangeiro distante com boas profissões que os absorvem totalmente e em que procuram ser eficazes, não se preocupam com o seu velhote.

O médico, ao ver uma análise ao sangue e urina feita há pouco tempo, disse ao cliente que, quando entrasse para o lar, devia ir falar com ele para renovar as análises e fazer outras a fim de ele as observar cuidadosamente, para detectar qualquer pequena deficiência e receitar a medicação adequada, pois sem isso a sua actividade corria o risco de despedimento por desnecessária. Pensou que ele estivesse a exagerar, mas depois verificou que muitos dos internados «comiam» perto de uma dezena de medicamentos a cada refeição. E um dia o relactor da história, ao fazer o controlo semanal da pressão arterial, inspirou de forma ruidosa o que foi interpretado pela funcionária como sintoma de gripe e recomendou a ida ao médico, tendo ela própria pedido a consulta. O médico, ao vê-lo, não lhe fez perguntas nem teve conversa e começou a escrever e no computador saindo, a seguir, da impressora da funcionária sua secretária seis idas a exames e consultas com diversos especialistas.

O cliente, no dia seguinte, foi almoçar com um grupo de amigos em que se encontrava um médico e perguntou a este se o doente é obrigado a obedecer às ordens de um médico. Ele respondeu: «que ordens? Um médico não dá ordens, apenas dá sugestões, conselhos, receita, etc. que o cliente só segue se concordar. Mesmo o hospital só actua se o doente concordar, por vezes por escrito».

Li, há tempos, a opinião de um médico que não quis identificar-se, que hoje as doenças são todas crónicas porque os médicos não querem perder o cliente, isto é, não querem que deixe de ser doente, ou evitando que, se possível, faleça ou não se cure. Todo o serviço de saúde colabora neste esquema e deixa de haver medicamentos que curam definitivamente e que apenas tornam os sintomas menos agudos. Todas as doenças passam a ser crónicas! E, assim, se mantêm sempre activos médicos e farmacêuticos.

O médico deixou de desejar ver no cliente uma pessoa que viva sempre com saúde mas sim um cliente que continue a consumir medicamentos, enfim uma ferramenta para aumentar o seu activo.

Seria bom que o SNS mentalizasse os seus profissionais para respeitarem os clientes tratando-os com sensibilidade, humanidade, dignidade e carinho por forma a terem calma para suportar o sofrimento, principalmente os mais graves e os idosos. 

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

EXPERIÊNCIA GRISALHA


(Public em DIABO nº 2396 de 02-12-2022, pág 16, por António João Soares)

Em oposição ao difusor do termo «peste grisalha», recordo que os grisalhos, possuem uma experiência e uma aprendizagem muito valiosa que foi adquirida e melhorada ao longo de muitos anos e que tem recebido apoios de muita gente válida que foi retocando a forma de viver e de actuar nas diferentes actividades. Continuam a enriquecer o seu comportamento de forma muito positiva e a criticar os jovens atrevidos e impulsivos que, ultimamente, têm empobrecido a economia nacional com decisões inadequadas e impulsivas, sem terem apoio de correcta ponderação.

Felizmente, os idosos constituem um sector de persistência grisalha que tem sido apoiado por pessoas muito válidas nas suas fases de ansiedade e solidão, com conselhos, sugestões e outros tipos de apoios para enfrentar os problemas de isolamento e de saúde. Encontrei agora na publicação «Lifestyle» sugestão para reduzir a ansiedade e estimular as endorfinas, sem recurso a medicamentos.

Estes conselhos aplicam-se a todas as idades. Em algum momento, é provável que uma pessoa já tenha sentido ansiedade. O problema é mais grave quando se torna algo recorrente e pode levar a transtornos mais complicados. Em muitas situações, o uso de medicamentos acaba por ser a solução mais óbvia, mas existem outras alternativas.

Têm sido adicionados vários estudos e dicas testadas que se mostram eficazes na redução da ansiedade. Vejamos algumas que podem ser experimentadas.

Evitar grandes quantidades de cafeína

Ela pode ser uma das causas de ansiedade, por ter uma componente estimulante. Várias pesquisas já mostraram que um alto nível de cafeína está ligado a um aumento da ansiedade. Ainda assim, as quantidades podem variar de pessoa para pessoa.

Usar aromaterapia

Segundo os especialistas, o olfacto é um dos sentidos que mais está ligado ao cérebro. Acaba por ser um mecanismo importante ao detectar ameaças, mas também funciona no sentido oposto. Aromas mais agradáveis podem ajudar a que se acalme.

Beber chás

Uma chávena de chá quente pode ser a solução para afastar a ansiedade, bem como um outro líquido morno. É um bom remédio caseiro para resolver o problema. A água de lavanda acaba por ser um bom aliado.

Respirar profundamente

Praticar a respiração acaba por ser outra forma de aliviar a ansiedade. Experimente inspirar durante quatro segundos, manter a respiração por outros quatro, expirar por quatro, manter por quatro e repetir o processo. É uma das dicas partilhadas.

Meditar

Tal como a respiração, a meditação vai acabar por reduzir os episódios de ansiedade.

Fazer exercício

O exercício regular acaba por ser outra forma de combater a ansiedade. Os especialistas explicam que liberta endorfinas e acaba por ajudar nas interacções sociais. Mantenha-se activo durante, pelo menos, cinco dias por semana.

Dormir com um cobertor pesado

São vários os estudos que já o demonstraram. A sensação acaba por ser semelhante a receber um abraço, daí ser algo reconfortante.

Sobre o mesmo assunto, encontrei as seguintes dicas da autoria de Elizabeth C. Gardner, cirurgiã de ortopedia, afirmando que as endorfinas ajudam a aliviar o stress, aliviar dores e até reduzir sintomas de ansiedade e depressão. 

Felizmente, existem outras formas de aumentar os níveis desta hormona, algumas mais ativas do que outras, e que vão deixar muito bem-disposto o doente com ansiedade.

São outras formas de aumentar os níveis de endorfinas sem fazer exercício físico: 

Fazer massagem e acupuntura; fazer meditação; dar gargalhadas; estar exposto à luz ultravioleta; fazer sexo; praticar ioga; ouvir música.

Pelos vistos, não faltam soluções para as depressões e, portanto, nada justifica que uma pessoa se isole com a sua preocupação ou o seu desgosto e deixe que um problema simples e passageiro se agrave e gere complicações encefálicas com efeitos não recuperáveis. 

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

PRECISAMOS DE MUDANÇA NATURAL QUE DÊ FELICIDADE COLECTIVA

 (Public em DIABO nº 2395 de 25-11-2022, pág 16, por António João Soares)

A vida exige mudança e a inacção impede o desenvolvimento. Mas a mudança deve ser devidamente preparada, tendo em vista os objectivos desejados e os factos que os constituem, nada devendo ser deixado ao acaso. A intenção do resultado desejado deve ser transparente, compreendido por aqueles de quem se deseja colaboração e que devem participar com coragem, confiança e afecto. Numa boa equipa, como deve ser a população de um país, devemos todos participar convictamente na acção a desenvolver para alcançar o objectivo desejado. O mundo desenvolveu-se passando por diversas fases, como a escritora Katia Soares explicou num texto há mais de dois anos e que, agora, tive oportunidade de ler.

Tem que haver aprendizagem do domínio da razão, obter capacidade de pensar, desenvolver o raciocínio lógico e coordenar a acção humana no mundo guiado por líderes sociais que saibam conduzir o seu grupo com coração e espiritualidade, tendo respeito por normas bem claras e desejadas pelos praticantes.

Ao longo dos tempos, essa finalidade foi tentada, pela difusão de imagens, quando ainda não se usava a escrita e antes de aparecerem as religiões. Os indivíduos tinham consciência de si próprios e foram aproveitando a liberdade de pensar. Mais tarde, a humanidade foi desenvolvendo a cultura e surgiram as artes e os desportos e a ligação do pensar com o sentir. Com esta evolução do ser humano em relação ao exterior, as pessoas começaram a notar a necessidade de limites da propriedade com os vizinhos e clarificar direitos e deveres quanto aos teres e haveres de cada um, os conflitos, a troca de mercadorias e outras negociações. E aprendeu-se a importância do querer e o humano maduro tornou-se diferente dos irracionais.

Surgiu a necessidade de possuir novas terras e de adquirir dinheiro para viver e amealhar poupanças. Foi criado o comércio intercontinental que deu evolução notável ao relacionamento entre povos diferenciados que se viram afastados do misticismo e mais livres para o relacionamento com a natureza. Os humanos foram-se afastando do misticismo e viver com novas regras de liberdade de expressão e de exploração da economia. O filósofo Descartes, com a sua frase «penso, logo existo», veio marcar nova etapa na evolução e criou o iluminismo.

Cerca de dois séculos depois, Jean Jacques Rousseau disse «o homem é bom por natureza mas está sob a influência corruptiva da sociedade», o que veio a resultar na independência de muitos países.

No séc XX viveram-se os efeitos colaterais dos movimentos de emancipação surgidos nos séculos anteriores. Nos últimos tempos desse século, começou a ser notado que se tornaram mais débeis os laços familiares, os rituais, a conexão com a espiritualidade e com a natureza. E mesmo a desconexão com nós-próprios, afastando-nos, dos nossos valores individuais, para nos absorvermos pela responsabilidade do trabalho, do sustento da família e da educação dos filhos, pelo aumento das actividades diárias e, por fim, nos abandonarmos de nós próprios, mais globalizados, ligados pela internet, experimentando tecnologias conscientemente avançadas, intelectualmente influenciadas por uma avalanche de informações que chegam diariamente por diversas vias.

Precisamos de voltar a pensar quem somos e assumirmos o nosso propósito de vida. E não sermos arrastados por jovens que pretendem evitar o respeito pelo género e outros pormenores úteis e que não devemos desprezar. A actual fase pode levar-nos para uma inconsciente obediência a um egoísmo crescente que ninguém pode controlar, vitimas de medos diversos, de perda de emprego, de saúde, de solidão, sem fé ou ligação espiritual, com as mulheres desligadas das habituais funções familiares e sem respeito por normas habituais, etc.

A aceleração da inteligência artificial, desprezando a racionalidade e rejeitando o bom relacionamento, respeito e colaboração, parece não querer parar porque o poder está em mãos de pessoas muitas vezes incapazes de se interessar por valores colectivos válidos e contribuir para uma mudança que respeite o desenvolvimento da educação e da ética social e da construção de um futuro melhor. A juventude não deve ser abandonada em vias casuais e perigosas. Será conveniente que a comunicação social deixe de perder tempo com banalidades e ajude a população a procurar um futuro mais promissor. Precisamos de uma mudança racional que contribua para mais felicidade de todos.

sábado, 19 de novembro de 2022

O MUNDO SÓ TERÁ FUTURO NA FRATERNIDADE

 (Public em DIABO nº 2394 de 18-11-2022, pág 16, por António João Soares)

O Papa Francisco, em 05 Novembro, durante o encontro que manteve com alguns jovens na escola do Sagrado Coração, no terceiro dia da sua visita ao Bahrein, país insular do golfo Pérsico, com fronteiras marítimas com o Irão a nordeste, com o Catar a leste e com a Arábia Saudita a sudoeste, transmitiu aos cerca de 800 estudantes jovens de várias nacionalidades e credos, palavras de elogio ao facto de viverem em boa convivência, «sem medo de se encararem, de dialogarem, misturando-se, brincando, tornando-se a base, o exemplo de uma sociedade amiga e solidária».

Aqueles jovens constituem um «bom fermento destinado a crescer, a superar tantas barreiras sociais e culturais e a promover elementos germinais de fraternidade e novidade». Pelo contrário, na realidade actual, «as tensões e ameaças aumentam, e por vezes surgem conflitos», e pediu para «serem semeadores de fraternidade, porque o mundo só terá futuro na fraternidade». Estes jovens, habituando-se na escola, à actual convivência, são chamados a reagir com «um novo sonho de fraternidade».

Mais do que as opiniões da Internet, podem aproveitar como bons conselheiros na vida, pessoas sábias e de confiança que os possam orientar, ajudar, como «pais e professores, mas também idosos, avós e um bom companheiro espiritual»

E o Papa Francisco concluiu: "Queridos jovens, precisamos de vós, precisamos da vossa criatividade, dos vossos sonhos e da vossa coragem, simpatia e dos vossos sorrisos, de uma alegria contagiante e também daquela pitada de loucura que sabem trazer a cada situação, e que ajuda a sair do torpor da rotina e dos esquemas repetitivos em que por vezes categorizamos a vida".

Este apelo para um futuro de paz, amizade e cooperação é muito oportuno numa parte do globo em que as guerras são frequentes e onde têm sido mal recebidos os repetidos apelos da ONU ao diálogo como solução para os pequenos atritos e para evitar conflitos e actos de terrorismo que causam perdas de vidas, danos materiais e ódios sociais que, depois, se mantêm ao longo de gerações. Há que exercer um persistente esforço para eliminar as causas de grandes diferenças e hostilidades e criar um futuro de fraternidade e do melhor entendimento que permita dar as mãos para empreendimentos de interesse colectivo sem invejas, ódios nem conflitos.

As diferenças de capacidades e competências entre povos e grupos, podem ser estímulos para o desenvolvimento comum que a todos trará vantagens. Os que mais podem e sabem devem ajudar os que mais precisam a fim de haver uma evolução mais harmoniosa em toda a humanidade. É como uma pessoa com guarda chuva aberto, quando vê outra desprotegida, a convida para se aproximar para não continuar à chuva.

Não devemos ser indiferentes e devemos procurar melhorar a vida dos mais desfavorecidos pela sorte. Isto é válido para cada cidadão e, principalmente, para os organismos públicos que devem procurar a harmonia entre todos e não, como muitas vezes se vê, dar mais facilidades e regalias aos que já possuem mais do que precisam, a partir do aumento das carências daqueles a quem elas já abundam em demasia. Um país que quer melhorar a sua posição ao nível dos seus rivais não deve procurar a solução que torna os pobres mais pobres.  Um recente exemplo de um governo que dá importância às necessidades dos cidadãos mais carentes veio de Timor-Leste que está a dar prioridade ao «combate à pobreza e à subnutrição infantil».A sensibilidade e a inteligência exigem que se observem as desigualdades existentes e se procure a solução mais justa, para a máxima fraternidade possível.

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

O COMBATE ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS É UMA ILUSÃO

 (Public em DIABO nº 2393 de 11-11-2022, pág 16, por António João Soares)

As múltiplas reuniões de «trabalho» destinadas ao combate às alterações climáticas não estão a passar de uma fantasia inútil e que fica muito cara aos contribuintes com deslocamentos e estadias dos muitos participantes, todos com bons vencimentos. Referem-se ao consumo de combustíveis minerais que produzem fumo e difusão de óxido de carbono e pouco mais. Os industriais fabricantes de automóveis têm estado sintonizados com esses «cientistas» estando a deixar de utilizar como propulsor destes veículos a gasolina e o gasóleo que substituem, por motores eléctricos, como se este tipo de motores não contribuísse bastante para a poluição da atmosfera, com as radiações electro-magnéticas que são o pior poluente do espaço aéreo que envolve o sistema solar.

Se essas repetidas reuniões tivessem eficácia nalgum aspecto, não veríamos tantas notícias sobre indesejados factos climáticos. Pelo contrário, as notícias desagradáveis sucedem-se repetidamente e, delas, apenas cito algumas. IPMA: previstos cinco dias seguidos de chuvas, em 26 de outubro; tornado causa destruição em vila de França, na região de Pas-de-Calais; fortes cheias na Nigéria levaram a população local a utilizar água das chuvas na sua vida quotidiana; o mau tempo, com chuvas fortes, tem causado, muito recentemente, mais de meia centena de mortos nas Filipinas.

É pena que os participantes nas reuniões para o combate às alterações climáticas não se decidam a ouvir a opinião de cientistas sobre o efeito da poluição atmosférica no funcionamento das condições meteorológicas. E tal poluição devido ao crescente aumento das radiações electromagnéticas está a criar fortes condicionamentos ao funcionamento do espaço.

Porém não tem sido dada palavra aos cientistas por a sua opinião ser contra os interesses financeiros da indústria baseada no desenvolvimento das novas tecnologias utilizadas em automatismos, telecomando etc. O crescente aumento de aparelhos etectrónicos fez aumentar de forma assustadora a poluição atmosférica. O espaço que circula o planeta está pejado de estações retransmissoras que potencialmente estão permanentemente a poluir. Repare-se no uso intenso de telemóvel num parque com muita gente jovem. E um desses aparelhos, quando faz uma chamada, emite em todas as direcções, por si e pelos retransmissores, porque não prevê a localização do destinatário.

O aumento de tal tipo de poluição tem tido crescimentos que foram visíveis em casos de conflitos, sempre que as Forças Armados passaram a utilizar meios mais modernos na utilização de electrónica, como foram os casos dos radares, sistemas de pontaria, de sensores telemétricos, sistemas de comunicação, etc.

Recentemente, o desenvolvimento do sistema 5G ampliou grandemente o efeito poluidor. Estive há tempos a viver numa instalação com cinco prédios modernos ligados entre si por túneis, com luzes que acendiam quando passávamos pelo seu espaço e se apagavam depois de passarmos, portas que se abriam quando nos aproximávamos e se fechavam depois de passarmos, etc.

Há poucos anos, os automóveis mais evoluídos possuíam um radar apontado para a frente para evitar choques frontais. Agora já está muito generalizada a utilização de radares apontados a cada um dos quatro lados para evitar pequenos toques durante qualquer manobra de arrumação ou de condução e para aviso da aproximação indesejada.

Por isso, a redução de tais equipamentos poluentes, quando decidida, depara com a oposição de quem está a beneficiar de tais equipamentos como utilizador ou como construtor. É difícil perder as vantagens que eles conferem. Mas, isso não se resolve fechando a boca a quem aponta o perigo de deixar manter e aumentar essa poluição que está a provocar mudanças de clima e tempestades altamente danosas. Haja autoridade e coragem para ser feita prevenção a fim de adiar a extinção da humanidade. 

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

É PERIGOSO REPETIR A HISTÓRIA

 (Public em DIABO nº 2392 de 04-11-2022, pág 16, por António João Soares)

Conhecer a História constitui uma elogiosa vantagem cultural, na medida em que nos dá saber que nos ajuda a perceber muita coisa que aconteceu no passado e a compreender o emaranhado de causas e efeitos e nos dá capacidade de podermos planear o futuro, mas sem copiar do passado. A Humanidade não deve estagnar, sempre igual ao que era, mas a História pode ajudar a inovar coerentemente para novas acções e atitudes que se ajustem correctamente às condições actuais, a caminho de um futuro melhor, e com recusa de repetir erros antigos.

A estagnação não faz parte da vida, sendo necessária evolução. Mas, actualmente, há muitos políticos com falta de preparação e de inteligência que preferem dar continuidade à estagnação e não dar oportunidade à evolução. Vemos exemplos disso em vários países que foram grandes, como o Irão que deseja voltar a ter o valor em área geográfica e em poder da sua antiga Pérsia, a Turquia também quer alargar a sua área. E, agora, vemos a Rússia que quer alargar a sua superfície para o Leste europeu. E aqui, há quem explique não apenas pela debilidade mental do líder, mas por aludidos problemas de saúde física e psíquica que o levam a cometer crimes contra a vida humana de ucranianos, de forma inconcebível, mais própria de grupos terroristas mas inadequadas a um Grande Estado, e imprópria de ser humano consciente, respeitador da vida e com um mínimo de ética.

Dar largas à ambição de retomar grandezas da história por formas menos respeitadoras de povos vizinhos, é impróprio de seres dignos.

Recordo uma leitura pouco recente que nos mostra um grande Estado que não tem dado motivos de crítica, mas sim de admiração e de inveja pelos seus sucessivos êxitos em novas indústrias, no crescimento económico e nas melhorias da sua vida interna, com maravilhosas estradas e exuberantes vias ferroviárias. A China, há cinco séculos, vivia pobremente no seu território, com uma economia rudimentar e os seus dirigentes ficaram espantados com o aparecimento dos navegadores portugueses, nos seus movimentos por aqueles longínquos mares. Foram contactos muito interessantes que abriram os olhos e as mentes curiosas daquele povo que decidiu alterar o seu modo de vida e lançar-se num novo estilo, imitando os ocidentais que tomaram como exemplos a seguir.

 Mas tais inovações foram assumidas com tanta ênfase que durante todos estes séculos, não esmoreceram e, hoje, a China dá lições ao mundo. E fá-lo sem basófia e sem ostentação, nem guerras, nem violências. E, há dias, propôs a iniciativa para promover a segurança de todos os Estados. Já não se limita ao seu desenvolvimento e à exportação dos produtos da sua indústria, mas quer difundir o seu sistema de vida para um relacionamento com segurança com solidariedade e bom entendimento com os outros.

Fica a cada um de nós fazer a comparação com a Rússia actual ou com os Estados Unidos da América que colocam o seu objectivo em construir novas armas para vender a outros Estados e a grupos de terroristas que as utilizam para actos de violência. A China, em vez de espalhar ferramentas de morte, procura promover a segurança entre todos os Estados, para que evitem violências e passem a viver com bom entendimento entre todos.

Assim, sem armas e com bom relacionamento, temos o caminho aberto para construir um maravilhoso futuro risonho e pacífico, sem os crimes contra a humanidade que estão a acontecer na Ucrânia.

A História deve ser aproveitada para encontrarmos as melhores condições de paz.

sábado, 29 de outubro de 2022

VIVER É CONVIVER

 Viver é conviver

(Public em DIABO nº 2391 de 28-1o-2022, pág 16, por António João Soares)

Vivemos todos num mesmo planeta com múltiplas relações directas ou indirectas que nos condicionam a vida quando são violentas ou mesmo conflituosas. Devemos todos, através dos governantes, procurar conviver harmoniosamente com diálogos de amizade a fim de a vida decorrer melhor. Os ambiciosos e sedentos de poder e obtenção de fortuna por qualquer forma, devem ser ensinados a resolver os seus problemas sem faltar ao respeito e às boas regras de civismo, segundo a boa ética.

Felizmente, já tem havido casos em que Estados que têm vivido a sofrer dificuldades com grupos menos civilizados, mas que já conseguiram mostrar vontade de passar a viver pacificamente, dialogando como pessoas civilizadas e geridas com boa ética.

Por exemplo, Israel acordou com o Líbano eliminar o conflito com o Hezbollah. Este acordo vai gerar estabilidade e prosperidade à região, dando mais segurança e progresso aos habitantes locais. A União Europeia saudou o «espírito construtivo» que levou a este acordo.

Em Moçambique, segundo notícia recente, mais de 800 guerrilheiros da Renamo serão desmobilizados graças a acordo.

Quanto à guerra Rússia-Ucrânia, a China que tem mantido boas relações com a Rússia, embora ou por isso, diz-se preocupada e insiste no apelo ao diálogo, para respeito dos interesses dos Estados afectados e a procura de uma solução aceite por todos, a fim de se criarem condições para um futuro harmonioso com base no diálogo.

O líder da Junta militar, do Tchade, general Mahamat Idriss Déby, na África Central, está a esforçar-se por conseguir um governo de unidade nacional para breve. Recentemente, o conflito de Darfur no Sudão atravessou a fronteira e gerou o conflito entre Chade e Sudão, com milhares de refugiados a viver em acampamentos no leste do país. Atualmente, o Chade é um dos países mais pobres e com maior índice de corrupção no mundo. A maioria de sua população vive abaixo da linha de pobreza

A União Africana pede que os envolvidos no conflito etíope se comprometam com a paz. Guterres, líder da ONU, não se cansa de aconselhar o diálogo e a negociação a fim de se manter a harmonia dentro dos estados e entre eles. Tem enviado funcionários para aconselharem os governos ao culto da paz, da convivência e da cooperação entre os povos. Será bom que possam trocar opiniões construtivas e coerentes focadas num futuro harmonioso, sem intolerância nem conflitos. Não há paz sem respeito pelos direitos humanos. Isto aplica-se dentro dos Estados e entre eles. A guerra tem custos muito elevados que ultrapassam as «vantagens» que os vencedores possam obter. O artigo «Guerra e crise económica criam mais de quatro milhões de crianças pobres» não aparece por acaso e merece ser lido pelos governos que tanto investem em armamento e outros materiais bélicos.

O dinheiro não dá felicidade embora possa contribuir para ela. Quando se morre não se leva e pode ser deixado a quem não lhe saiba dar o emprego mais conveniente. Há casos raros de gente que sabe dar-lhe destino destacável como diz a notícia «Família Besos doa 710 milhões a centro de investigação contra o cancro». Mostra muita generosidade e vontade de contribuir para a pior doença que tira muitas vidas. Porém, isto pode não trazer tanto benefício como aparenta, porque a saúde está sendo um pretexto para o aumento de lucros de farmacêuticos e de médicos que, em vez de terem como objectivo a cura de doenças, procuram manter os clientes reduzindo-lhes o sofrimento mas sem eliminar a doença. Os medicamentos que curavam rapidamente pequenos males foram retirados do mercado e substituídos por outros que atenuam as dores mas tornam permanente o mal que reaparece quando o tratamento é interrompido.

terça-feira, 25 de outubro de 2022

A RELIGIÃO E O COMPORTAMENTO SOCIAL

 (Public em DIABO nº 2390 de 21-1o-2022, pág 16, por António João Soares)

As religiões foram criadas para condicionar positivamente os comportamentos sociais mas, com o decurso dos tempos, nem toda a população seguiu os conselhos que lhe foram dirigidos. Por exemplo, ouvindo-se na Internet rezar o terço em que os crentes repetem as orações mais correntes, houve quem desabafasse dizendo que estavam a papaguear as orações sem fazer ideia do significado das palavras que estavam dizendo e houve quem aproveitasse para lhe perguntar o que pretendia dizer.

E ele prestou-se a explicar, perguntando-lhe se sabe os três ou quatro conselhos que devemos colher da segunda parte do «Pai Nosso». Não deu resposta e o amigo explicou que o texto está elaborado como pedidos ao «Pai» mas, interpretando estes, extrai-se, o que é útil para a ética social, cumprir os tais conselhos. Entretanto, apareceu um sacerdote a quem foi feita a mesma pergunta e não obteve resposta.

Então continuou a sua explicação. O primeiro conselho é não ser ambicioso nem ganancioso e contentar-se com o necessário para viver cada dia que passa, ter «o pão nosso de cada dia». O segundo conselho é que não devemos ser quezilentos, devemos ser respeitadores dos outros, das suas ideias e opiniões e desculpá-los, tal como queremos ser desculpados para vivermos em paz e harmonia. O terceiro conselho é não sermos ambiciosos, não nos deixarmos «cair em tentação» o que pode significar evitar o alcoolismo, os sedativos, a corrupção, etc. O quarto conselho, que resulta dos três anteriores, é que devemos evitar o mal, qualquer tipo de mal, qualquer situação de perigo.

É curioso como todos estes conselhos estão concentrados em parte de uma oração tão conhecida e os crentes e os próprios sacerdotes não estão familiarizados com eles. Penso que seria bom que a divulgação fosse realizada para melhorar a ética social que, segundo muitas pessoas cultas dizem, está em perigosa decadência, a ponto de o coeficiente de inteligência na média das populações ter descido muito nos últimos vinte anos.

Há dias, a propósito dos cuidados com a saúde, li que temos o direito que respeitem a nossa saúde mas nós temos o dever de cuidar dela. E o cuidado com o que comemos e bebemos é o principal factor da saúde.

Aquilo que atrás ficou escrito, bem como os mandamentos e muitos outros ensinamentos que constam dos escritos religiosos deviam ser difundidos e explicados aos crentes para se aperfeiçoar o seu comportamento social. Este efeito será mais útil do que o conhecimento incompleto de escritos muito antigos que nada de útil e prático ensinam para melhorar o nível dos comportamentos.

Agora está em marcha o desenvolvimento da harmonia entre religiões e seria bom que se gerasse um bom entendimento com atitudes mútuas de respeito e tolerância pelas diferenças de cultos e aspectos festivos. Amemo-nos como irmãos e aceitemos as diferenças, para podermos conviver harmoniosamente neste nosso planeta.

Não há dúvidas de que a vida em paz e harmonia, com as outras pessoas constitui um dever de todo o cidadão, contando sempre com a colaboração, a ajuda e o socorro em caso de necessidade de apoio de outras pessoas. Isso deve ser uma posição colectiva e permanente. Felizmente, essa filosofia já foi publicamente defendida por alguns países, onde até foram iniciados movimentos a defender a abolição de armas e outros instrumentos que possam ser utilizados para agressões, quer na violência doméstica quer no relacionamento com pessoas estranhas.

Será bom que haja pessoas da igreja, das escolas e da segurança social que divulguem comportamentos geradores de paz e harmonia, que as forças de segurança nacional atuem em conformidade e a justiça seja rápida e rigorosa da punição de infractores, sem meiguices de tolerâncias e de pouca acção. O respeito pelos outros é imperioso, mas é importante que todos sigam a mesma norma, incondicionalmente.


sexta-feira, 14 de outubro de 2022

FOMENTAR A ÉTICA NA HUMANIDADE

(Public em DIABO nº 2389 de 14-1o-2022, pág 16, por António João Soares)

A Humanidade está em mudança, como tudo na vida, mas, sem uma estratégia bem orientada, coerente e eficaz, pode descambar para uma crise final, mesmo sem impedir a sua exterminação, como já existe alguém a recear esse desfecho. Porém, para evitar esse destino ou o adiar, por mais uns tempos, convém mentalizar as pessoas começando pelos mais jovens, desde a instrução primária, a respeitarem o pensamento dos outros e a pensarem em defender o culto da ética e a aceitar uma estratégia clara e eficaz, extensiva a toda a população global por forma a que as pessoas aprendam a viver em paz e harmonia, sem ambição, sem invejas nem ódios, sem violências, resolvendo tudo com amizade e colaboração. Para isso, são indispensáveis governantes, sensíveis, competentes e coerentes na arte de dirigir grandes instituições com capacidade de gerir a formação ética da população.

Infelizmente, a história, de acordo com os textos existentes, mostra que a humanidade se habituou desde os primeiros tempos na competição e na procura de melhores condições do que as do vizinho e sem pensar na boa convivência, nem na boa orientação para a boa colaboração e entreajuda. É altura de tentar alterar os comportamentos para uma forma mais moderna e civilizada. Houve sempre desentendimentos indesejados e conflitos que travaram a evolução da sociedade e condicionaram o desenvolvimento. É certo que houve iniciativas construtivas, dispersas, mas não mereceram a aprovação geral. No meio de tais boas intenções apareceram oportunistas ambiciosos que não hesitaram em obter benefícios pessoais, sem olhar à custa de quem e prejudicando os generosos obreiros.

Os erros do passado, em vez de servirem de lição para serem procuradas novas e melhores soluções e criar a evolução para uma sociedade mais harmoniosa e pacífica, em que a felicidade seja mutuamente desejada e apoiada, serviram para invejas, ódios e conflitos, por vezes, com destruição de vidas e de património. Nesses casos, erros foram repetidos por pessoas sem inteligência desenvolvida, incompetentes e sem capacidade para verdadeiras e correctas inovações. Na generalidade dos textos que tenho publicado, procuro fomentar sugestões e influência nas decisões dos responsáveis públicos por forma a contribuírem para a condução da mentalidade dos humanos para abandonar os maus hábitos e adoptar estratégias claras, coerentes e melhorando a vida social. Tais sugestões devem servir para aperfeiçoar os sistemas de ensino, de saúde, de justiça e outros a fim de contribuírem para que a humanidade avance com ética para uma fase mais evoluída e promissora de boa colaboração social para uma vida mais respeitadora e colectivamente colaborante e harmoniosa.

 Apesar da minha fraca capacidade de influência e de os meus pensamentos não terem convencido a generalidade dos altos detentores do poder de decisão, tenho insistido na sua expressão e tenho recebido sinais de que são apreciados por pessoas de responsabilidade. Não quero desistir da boa intenção de contribuir para melhorar a ética das pessoas, porque esse deve ser o dever de cada ser humano, mesmo que não veja os desejados efeitos.

Mas o principal papel cabe a governantes e funcionários públicos, persistentemente, até verem os resultados na vida nacional.

A principal via a utilizar cuidadosamente é a educação, quer escolar quer em diversos grupos de jovens, para o desenvolvimento da cidadania, dentro do conceito de democracia em que o povo deve estar devidamente informado de que tem nas suas mãos o poder e deve ter consciência do dever de o exercer, com ideias sugestivas de desenvolvimento e inovação e com propostas e sugestões para ajudar os governantes a decidir sobre problemas da sua responsabilidade, mas de que não tem perfeito conhecimento. E o voto deve ser efectuado com consciência dos efeitos convenientes para a mais profícua evolução da sociedade que deve ser apoiada por todos os cidadãos, isto dentro das noções da boa ética democrática.

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

A SEGURANÇA DOS CIDADÃOS ESTÁ A AGRAVAR-SE

A SEGURANÇA DOS CIDADÃOS ESTÁ A AGRAVAR-SE

(Public em DIABO nº 2388 de 07-1o-2022, pág 16, por António João Soares)

As instituições públicas devem dar mais atenção ao ambiente de segurança em que vivem os cidadãos, porque a violência está a aumentar e, quando isso não é travado com eficiência logo que surgem os primeiros sinais, depois os efeitos são difíceis de controlar sem graves perturbações quer pela Forças de Segurança quer pela Justiça. E esta está produzindo efeitos muito demorados para questões que exigem ação mais rápida.

Como o agravamento da violência está mais visível nos jovens, há que dotar as escolas com actividades formativas que os preparem para agir com civilidade perante os familiares e os colegas e amigos em todos os momentos, quer nos jogos de tempos livres quer nos convívios nocturnos, afim de se tornarem adultos exemplares com educação, competência e sentido de responsabilidade.

Por vezes, aparecem com ferramentas que usam para agredir familiares e outras pessoas, mesmo a agentes da autoridade, evidenciando falta de consideração e de respeito pelos outros, qualidades que devem ser desenvolvidas por todos por forma a que a sociedade seja constituída por pessoas que actuam de forma geral, mútua e partilhada em convivência harmoniosa, pacífica e amigável.

É lamentável que os governantes, em vez de procurarem forma de reduzir o risco de segurança das pessoas, indo ao encontro de soluções que melhorem os comportamentos dos mais jovens a fim de entrarem para uma sociedade mais segura e respeitadora do seu semelhante, estão a querer lutar contra as alterações climáticas sem imaginarem sistemas que melhorem o funcionamento das forças da Natureza. E dão força aos jovens para continuarem com decisões pouco racionais que ainda agravam mais a pior poluição da atmosfera, que é a constituída pelas radiações electromagnéticas que, ultimamente, viram um crescimento abismal com invenções nas tecnologias radioeléctricas. Hoje já não se dispensam inovações de automatismos com sensores para todos os efeitos.

Por exemplo, um automóvel tinha um radar para evitar choques frontais, agora há radares para detectar aproximação para a marcha atrás, para a esquerda e para a direita, etc. Ora, um sensor está a emitir permanentemente radiações que poluem a atmosfera.

Os vulgares telemóveis, quando fazem uma chamada, irradiam para todo o globo terrestre, porque o destinatário pode encontrar-se em qualquer ponto do país ou do mundo!

Há uma enorme quantidade de aparelhos que transmitem através de redes de retransmissores que são distribuídos por toda a superfície do planeta e que, além de serem prejudiciais para a saúde, tornam mais difícil o funcionamento de redes de telecomunicações essenciais. Há técnicos que alvitram que seja eliminada a maioria, quase totalidade, de tais retransmissores e que se regresse às actividades mais seguras de alguns anos antes, mas não há homens do poder com coragem para decidir uma coisa tão desagradável para as pessoas que tanto se têm habituado a tais facilidades.

Desta forma, falar no combate às alterações climáticas, dificilmente passa de fantasias sem resultados esperados. Porque não basta reduzir o óxido de carbono e esse até é, em grande parte, eliminado pelas árvores

Mas garantir uma melhor segurança para os cidadãos, é tarefa mais acessível e indubitavelmente útil, desde já e quando se pensa em criar um futuro mais útil e mais agradável para as pessoas e para o ambiente ecológico. Procuremos uma vida mais harmoniosa sem violência nem guerra, sem invejas nem ódios, sem corrupção nem negócios ilícitos e sem agravar a poluição por radiações electromagnéticas.

  

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

A PREPARAÇÃO DO FUTURO

 A PREPARAÇÃO DO FUTURO

(Public em DIABO nº 2387 de 30-09-2022, pág 16, por António João Soares)

Não devemos esperar que o dia de amanhã seja igual ao dia de ontem porque as realidades estão em permanente mudança. Esta verdade foi reavivada pelo Presidente Chinês quando disse uns conselhos aos seus colaboradores dizendo-lhes que é preciso aprender a autocorrigir-se constantemente para evitar que a continuidade de estratégias produza casos imprevistos como tem sido visto em grandes potências. 

Sem o exercício da constante análise e correcção, uma instituição não garante o sucesso para um futuro melhor e, no caso de um regime mais poderoso, pode entrar em colapso. A China tem boa experiência disso desde o seu primeiro contacto, com os navegadores portugueses, que marcou o início do seu desenvolvimento tirando bons resultados da observação daquilo que vê de melhor e criação de um sistema correcto e bem meditado.

A União Soviética que era o regime socialista mais poderoso, entrou em colapso e num período de dificuldades sem precedentes para a política socialista global. Isto acontece com qualquer instituição ou simples ideologia que deixa de procurar evoluir e de reflectir nas hipóteses de evolução positiva. A boa solução não se obtém na consolidação das más estratégias mas, sim, na reflexão que conduza ao aperfeiçoamento das melhores medidas e à alteração daquelas que não estão a dar e a garantir os resultados realmente desejados.

Os quadros chineses assumem a responsabilidade, a capacidade e a confiança necessária para confirmar as virtudes históricas e retirar delas as lições úteis para o progresso da sua ideologia assente na constante aprendizagem científica.

Em vez de seguir modelos de governos alheios, pelo contrário, reflectir os princípios já praticados, tornando-os cada vez mais eficazes. Parar é morrer, e a atitude mais inteligente de melhorar o comportamento faz prosperar. E não convém tomar uma via considerada segura, porque nada é totalmente garantido para o futuro. O sucesso aparece com a utilização de medidas inteligentes em cada dia de progresso.

A luta de classes, só por si não conduz ao desenvolvimento. A harmonia e a paz conduzem à convergência de esforços num mesmo ideal de que resulta o desenvolvimento nacional. Evitar o poder absoluto e o domínio de fanáticos que, de olhos fechados para a generalidade do país, impõem o seu interesse e a exploração dos seus concidadãos.

Em vez da insistência na luta de classes, lute-se pelo desenvolvimento económico e torne-se este no interesse geral de todos os cidadãos e desenvolva-se a mentalidade de cada um no sentido de se dedicar a essa missão patriótica.

 Este sistema não se deve aplicar apenas a grandes potências, pois deve ser ajustado a cada instituição pública de pequena ou grande dimensão. As grandes ambições e os autoritarismos geradores de exploração e violência, constituem situações contrárias ao respeito pelos direitos humanos, à civilidade e que devem ser abolidas no Mundo actual que desejamos seja harmonioso e pacífico. Será bom que nas eleições, agora tão frequentes, apareçam candidatos a defender pontos de vista e a apresentar propostas neste sentido. Devemos ter a noção de que o uso das armas é sempre perigoso pelo mal que provocam quando utilizadas e nas atitudes de resposta, numa sequência de actos cada vez mais demolidores e contrários à desejada paz e harmonia que deve ser o objectivo mais desejado.

Será desejável que a estratégia do presidente chinês sirva de lição aos governantes mundiais e que Putin desista do genocídio que iniciou na Ucrânia e que procure uma forma civilizada e pacífica de convivência com os seus vizinhos.