sábado, 19 de novembro de 2022

O MUNDO SÓ TERÁ FUTURO NA FRATERNIDADE

 (Public em DIABO nº 2394 de 18-11-2022, pág 16, por António João Soares)

O Papa Francisco, em 05 Novembro, durante o encontro que manteve com alguns jovens na escola do Sagrado Coração, no terceiro dia da sua visita ao Bahrein, país insular do golfo Pérsico, com fronteiras marítimas com o Irão a nordeste, com o Catar a leste e com a Arábia Saudita a sudoeste, transmitiu aos cerca de 800 estudantes jovens de várias nacionalidades e credos, palavras de elogio ao facto de viverem em boa convivência, «sem medo de se encararem, de dialogarem, misturando-se, brincando, tornando-se a base, o exemplo de uma sociedade amiga e solidária».

Aqueles jovens constituem um «bom fermento destinado a crescer, a superar tantas barreiras sociais e culturais e a promover elementos germinais de fraternidade e novidade». Pelo contrário, na realidade actual, «as tensões e ameaças aumentam, e por vezes surgem conflitos», e pediu para «serem semeadores de fraternidade, porque o mundo só terá futuro na fraternidade». Estes jovens, habituando-se na escola, à actual convivência, são chamados a reagir com «um novo sonho de fraternidade».

Mais do que as opiniões da Internet, podem aproveitar como bons conselheiros na vida, pessoas sábias e de confiança que os possam orientar, ajudar, como «pais e professores, mas também idosos, avós e um bom companheiro espiritual»

E o Papa Francisco concluiu: "Queridos jovens, precisamos de vós, precisamos da vossa criatividade, dos vossos sonhos e da vossa coragem, simpatia e dos vossos sorrisos, de uma alegria contagiante e também daquela pitada de loucura que sabem trazer a cada situação, e que ajuda a sair do torpor da rotina e dos esquemas repetitivos em que por vezes categorizamos a vida".

Este apelo para um futuro de paz, amizade e cooperação é muito oportuno numa parte do globo em que as guerras são frequentes e onde têm sido mal recebidos os repetidos apelos da ONU ao diálogo como solução para os pequenos atritos e para evitar conflitos e actos de terrorismo que causam perdas de vidas, danos materiais e ódios sociais que, depois, se mantêm ao longo de gerações. Há que exercer um persistente esforço para eliminar as causas de grandes diferenças e hostilidades e criar um futuro de fraternidade e do melhor entendimento que permita dar as mãos para empreendimentos de interesse colectivo sem invejas, ódios nem conflitos.

As diferenças de capacidades e competências entre povos e grupos, podem ser estímulos para o desenvolvimento comum que a todos trará vantagens. Os que mais podem e sabem devem ajudar os que mais precisam a fim de haver uma evolução mais harmoniosa em toda a humanidade. É como uma pessoa com guarda chuva aberto, quando vê outra desprotegida, a convida para se aproximar para não continuar à chuva.

Não devemos ser indiferentes e devemos procurar melhorar a vida dos mais desfavorecidos pela sorte. Isto é válido para cada cidadão e, principalmente, para os organismos públicos que devem procurar a harmonia entre todos e não, como muitas vezes se vê, dar mais facilidades e regalias aos que já possuem mais do que precisam, a partir do aumento das carências daqueles a quem elas já abundam em demasia. Um país que quer melhorar a sua posição ao nível dos seus rivais não deve procurar a solução que torna os pobres mais pobres.  Um recente exemplo de um governo que dá importância às necessidades dos cidadãos mais carentes veio de Timor-Leste que está a dar prioridade ao «combate à pobreza e à subnutrição infantil».A sensibilidade e a inteligência exigem que se observem as desigualdades existentes e se procure a solução mais justa, para a máxima fraternidade possível.

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