Manter o cérebro activo aumenta a longevidade
(Public em O DIABO nº 2289 e 13-11-2020, pág
16. Por António João Soares)
Andamos a aprender até morrer, e devemos evitar deixar o cérebro inactivo porque, tal como o exercício físico desenvolve os músculos e as articulações, também a acção da vida psíquica e intelectual prolonga a vida mental em melhores condições, adiando o envelhecimento e a chegada do Alzheimer ou de outras doenças características da idade avançada. Li há dias que, ao contrário daquilo que muitos pensam, as células cerebrais não deixam de se desenvolver e de se reproduzir e chegam muitas vezes a ter um desenvolvimento excepcional quando um idoso se dedica a nova actividade de que gosta e que exerce com entusiasmo e sequência.
À medida que se avança na
idade, em vez de se ir para o jardim jogar as cartas com amigos, é preferível
exercer uma actividade de que se goste e que tenha utilidade para o próprio e
para outras pessoas, familiares, amigos, etc.
Depois de os órgãos da
Comunicação Social deixarem de ter utilidade na formação cultural dos seus
clientes, concentrando-se apenas em coisas de reduzida importância na difusão
do conhecimento da vida social e prática, deixei de perder tempo em frente de
um ecrã de TV e procurei outras formas de analisar a vida que me cerca, perto
ou longe, pensar nas causas de muitas desgraças que ocorrem pelo mundo, e
imaginar possíveis soluções que possam contribuir para mais humanidade, mais
respeito entre as pessoas e desenvolvimento de vida harmoniosa para um futuro
melhor e mais conforme com os preceitos de religiões conceituadas que se
difundiram apelando a uma família global em que todos se respeitam como irmãos.
Quando passei a dispor de
tempo e facilidades na internet para me comunicar com mais pessoas, evitei
cuspir ódio, como muitos fazem, e pus em prática os objectivos que atrás
referi, elogiando atitudes públicas que acho positivas e conducentes a um
futuro melhor; quanto a actos menos construtivos para uma sociedade melhor, ou
dou sugestões, se me sinto em condições de o fazer, ou procuro alertar para
melhorar estratégias, esboçando perguntas acerca do tema que possam servir de
estímulo para revisão de procedimentos.
Vivia na dúvida se os meus
escritos teriam algum interesse para alguém e obteriam algum efeito na
sociedade em que vivo. Um amigo desde jovens, que é bom poeta mas muito
pessimista, acusa-me de ser um sonhador com miragens irreais. Essa dúvida
tem-me tentado a pensar em desistir de publicar os meus pensamentos. Pois se
ninguém me lê, para que hei-de ocupar espaço em jornal e na comunicação
digital? Mas agora surgiu um raio de luz vindo do ilustre Professor sociólogo
Augusto Ramos, acerca de uns artigos meus sobre a ONU. Gostei de que ele
tivesse lido o que escrevi, porque andava receoso de que a minha pouca
diversidade de temas se tornasse monótona e de pouco interesse. Mas foi uma
injecção estimulante a forma como se me referiu e o processo, como é seu
apanágio, muito bem escrito e argumentado, veio dar ao tema um âmbito muito
mais elevado, com análises e argumentos profundos e enriquecedores, muito além
daquilo que eu tinha esboçado. Mas fê-lo de forma simpática, dando-me o prazer
de eu me sentir ligado à ideia do seu belo trabalho, publicado em O DIABO nº
2287 de 30 de Outubro. Estou muito agradecido a este ilustre Senhor.
Voltando ao tema de hoje, fica
o conselho para os reformados: a longevidade e a saúde mental e também física e
geral depende do exercício mental, ao lado do exercício físico, sem perder
muito tempo a falar do que já passou e sem teimar em preparar um futuro que é
incerto, mas em aproveitar da melhor forma as oportunidades do presente, para
se sentir feliz, transmitindo aos amigos felicidade e bons conselhos, com o
saber da experiência e da diária aplicação à análise da realidade, muitas vezes
oculta pelo nevoeiro. ■
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