(Public
em O DIABO nº 2283 de 02-10-2020, pág 16. Por António João Soares)
A União Europeia foi instituída em 1993 pelo tratado de Maastrich tendo as suas origens na Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, em 1957, seguida da Comunidade Económica Europeia, constituídas por seis países, e foi aumentando a sua área geográfica com a adesão de novos Estados-membros, ao mesmo tempo que dilatava a sua esfera de influência com novas competências políticas.
A sua localização no centro do Ocidente e debruçada
sobre o Oceano Atlântico cria-lhe uma posição de valor considerável, ao nível
das principais potências mundiais, tendo tido, por exemplo, um papel importante
na Guerra Fria que decorreu após a II Guerra Mundial e que constituiu um factor
muito importante para o início de uma convivência internacional dialogante que
se tem desenvolvido, apesar de alguns pequenos conflitos com o envolvimento de
uma ou outra das grandes potências.
Actualmente, tem vindo a sentir à volta da sua área
geográfica e em algumas suas regiões mais periféricas sinais de instabilidade e
de tendência para eventuais violências. É oportuno que recorde a vocação
pacifista que lhe deu origem e que desenvolva o esforço necessário para
reforçar a sua vocação de apoio e cooperação aos povos que estejam a necessitar
de mediação para evitar actos de violência e para a procura de soluções
pacíficas através do diálogo bilateral com o sem intermediários e de
negociações cooperantes.
De momento, as atenções estão focadas na situação
interna da Bielorrússia e na da Líbia, no Norte de África, onde, desde a morte
de Muamar Kadafi, há quase nove anos, ainda não foi constituída uma organização
política eficaz para gerir a vida social e a economia. E note-se que a riqueza
da produção de petróleo merece uma boa concentração de esforços para ser bem
gerida com vista ao enriquecimento nacional. Nestes dois países que agora
precisam de ajuda, é oportuno que alguém, com prestígio, experiência e
sensatez, lhes diga: pensem bem no futuro do vosso país e na forma de o
enriquecer e melhorar a qualidade de vida dos vossos cidadãos. Um conflito, mesmo
de pequena duração, faz gastar as vossas riquezas, enfraquecer as vossas
economias e desgastar o amor que os vossos jovens devem alimentar ao país e ao
futuro de cada um deles. Uma Nação deve funcionar como uma equipa desportiva,
sempre com o olhar no objectivo comum que devem querer conquistar com
conjugação de esforços coerentes e unidos. A dispersão de esforços e de
intenções gera divisões, raivas e ódios que não resultam em nada de bom.
Mas a importância da UE não deve confinar-se ao seu
território nem aos seus vizinhos. O seu prestígio torna-a desejada em locais
mais distantes. Por exemplo, o Fórum Euro-África arrancou na quinta-feira, 3 de
Setembro, com o propósito de aproximar os dois continentes e contou com um
debate virtual entre o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o
seu homólogo do Gana. O líder do fórum explicou que foi desagradável os dois
continentes terem estado cerca de 50 anos de costas viradas e é necessário
voltarem a um bom entendimento que deve ser vantajoso para ambas as partes.
A UE também deve intervir para facilitar o bom
relacionamento entre a Turquia e os Estados que com ela partilham o mar entre a
Ásia e a Europa. Também tem sido positiva a posição da UE no amaciamento das
relações dos EUA com a China e com o Irão, evitando as ameaças de acções
militares que agravam os desentendimentos, mesmo que pequenos.
Mas para a UE desenvolver a sua estratégia, precisa de estar segura de que ela corresponde aos interesses de todos os seus Estados-membros, ouvindo não apenas os seus líderes políticos mas, principalmente, personalidades sensatas e bem preparadas que conheçam e amem o seu país e os seus concidadãos. ■
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