Esperamos um Mundo mais racional
Publicado em DIABO nº 2236 de 08-11-2019. Pág 16
Actualmente, ouve-se falar muito contra a história e os feitos heróicos que nos davam orgulho do passado e nos ajudavam a suportar as incertezas ou maus auspícios sobre o amanhã e o pessimismo, desde as alterações climáticas à crise económica ou à guerra, que começam a afectar a saúde mental. E é dado muito relevo à violência a vários níveis, quer doméstico quer internacional, sem se apontarem sinais motivadores de esperança salutar.
Mas, felizmente, há sinais de optimismo e de esperança, embora pareçam não ser do gosto dos jornalistas, que começam a brilhar como luz ao fundo do túnel e merecem ser sublinhados pelo muito que representam para quem se preocupa com o futuro da humanidade, não só pelo seu significado local mas, principalmente, por deverem servir de exemplo e incentivo para os detentores do Poder a nível das Nações e das Instituições Internacionais.
Há variados casos que merecem ser bem apreciados pelo que representam de exemplo a seguir por todos os governantes e por todas as pessoas. Notícia de 18 de Outubro diz que o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou “fortemente” o ataque a uma mesquita no Afeganistão, que provocou 62 mortos e 36 feridos. E, provavelmente, este nosso compatriota não se deve ter ficado pelas palavras e, de forma mais ou menos directa, deve ter accionado a ONU a fim de acabar com este tipo de ataques selvagens e cobardes que tiram a vida a muitas pessoas inocentes.
E tal provável acção de Guterres pode estar na origem do facto noticiado no dia 23 de que movimento talibã participa na China, nos dias 28 e 29, numa nova ronda de diálogo inter-afegão para a paz. Oxalá este diálogo tenha êxito e ponha fim à guerra que, há 28 anos, tem dizimado a população do Afeganistão, sem benefício para ninguém a não ser para os fabricantes de armas e munições.
Outro caso, este com nítida acção da ONU, passa-se na Guiné-Bissau em que são notadas dificuldades entre várias forças políticas, quando se aproximam as eleições presidenciais, e onde foi criada uma Comissão da Configuração da Paz da ONU para a Guiné-Bissau, sendo presidente o embaixador brasileiro Mauro Vieira. Este, em consonância com o multilateralismo defendido pela «estratégia dos três M», nos dias em que se deslocou a Bissau, reuniu-se com as autoridades nacionais, órgãos responsáveis pela organização das eleições, partidos políticos, sociedade civil e parceiros internacionais. Nos seus contactos, durante a estada de dois dias, disse a todos que todas as dificuldades que possam surgir no caminho devem ser superadas pelo consenso, pela negociação, pelo diálogo.
Também, em sintonia com a repulsa da violência e da guerra e pela defesa do diálogo e da negociação, o Fundo Monetário Internacional (FMI) fez um apelo ao crescimento global e à renúncia aos conflitos comerciais que põem em causa esse crescimento. Os membros do FMI, durante a assembleia geral de Outono, encerrada, há poucos dias, em Washington, debateram como aumentar a “pressão do grupo” sobre os países em confronto comercial, de modo a que melhorem e respeitem as regras globais do comércio, disse a directora-geral da instituição na conferência de imprensa de encerramento dos trabalhos. Nestes, um dos principais temas de discussão na assembleia foi o da tensão comercial entre os EUA Unidos e a China.
Também a Rússia advertiu que a situação de tensão no nordeste da Síria, onde se acordou uma trégua na operação militar turca contra as milícias curdas, pode prejudicar o processo de negociação política. A isto a Turquia afirmou que “não tem necessidade” de retomar a sua ofensiva contra as forças curdas no norte da Síria.
Estes exemplos aqui referidos mostram- -nos razões de esperança de que o Mundo irá entrar na racionalidade e pretender atingir os fins prognosticados pelo comentador político Kishore Mahbubaini na sua «estratégia dos três M». ■
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