Atenção aos potenciais inimigos
(Public em O DIABO nº 2239 de 29-11-2019, pág 16. Por António João Soares)
Nunca se deve deixar de avaliar os inconvenientes de uma escolha que sirva de base a uma decisão importante. Isto é válido a todos os níveis e, principalmente, a nível de pequenas ou grandes potências, em que não se devem negligenciar as capacidades de decisão, de planeamento e de acção de potenciais inimigos. Sobre esta regra, a Arábia Saudita está a dar uma boa lição na forma como gere e apoia a acção do Estado Islâmico, na sua expansão geográfica.
A Europa, com os seus valores éticos de generosidade e humanidade, abriu as portas a refugiados das guerras na Síria, no Iraque, na Líbia, etc. mas não tardou muito a sentir graves inconvenientes, ao sofrer os efeitos de falsos refugiados que lhe vinham minar as tradições e a cultura sem proporcionais benefícios para a economia e o bem estar local. A insegurança sentida em diversos Estados gerou preocupações nos mais caridosos, que passaram a compreender os cuidados dos mais hesitantes para evitar receber migrantes indiscriminados. Os analistas mais independentes chegaram a previsões de que, dentro de algumas décadas, a Europa atingiria o ponto de nem sequer ser uma pálida ideia do seu passado histórico, da sua economia, e da sua harmonia social. Assim se começou a olhar com mais realismo para aquilo que passou a ser considerado uma invasão, bem planeada, sem violência exagerada para, com uma reduzida resistência, atingir o domínio total. Isso deu aso a precauções. Mesmo fora da Europa, o Presidente Trump mostra interesse em preferir imigrantes com capacidade e competência para contribuir para melhorar a economia americana, tornando-a mais competitiva e, ao mesmo tempo, servindo de prémio a trabalhadores válidos que não conseguiam emprego compatível nas suas origens. Dessa forma, evita os imigrantes fantasiosos que apenas iam criar problemas vários, inclusive de segurança, que pode atingir grau demasiado preocupante, organizando movimentos violentos.
Perante este despertar das autoridades ocidentais para a avaliação do poder do seu inimigo, da sua estratégia cuidadosa para evitar ser detectado na gravidade dos seus planos e acções, a Arábia Saudita também passou a olhar com mais realismo para a dificuldade previsível inerente a uma, mesmo muito disfarçada e progressiva, invasão do Ocidente. E, assim, há sinais muito claros de uma mudança de estratégia, passando a iniciar a expansão territorial do Islão e a redução das outras religiões, pela África e pela Ásia, onde os governantes são mais fáceis de dominar e têm menos capacidade de reacção. Segundo esta nova estratégia a Europa ficará para uma fase mais adiada e será organizada segundo os factores de força então mais decisivos.
A apoiar esta previsão estratégica, surgiram as seguintes notícias:
No Sri Lanka, no Domingo de Páscoa houve explosões em três igrejas e três hotéis de luxo que provocaram a morte a 156 pessoas, entre os quais 35 estrangeiros, entre eles um português, sendo expectável que o número de vítimas mortais venha a subir, dado o elevado número de feridos.
Na Síria, onde havia uma relativa tranquilidade desde a aplicação do cessar-fogo de Setembro, passados oito meses a violência recrudesceu e os confrontos entre os rebeldes e as forças governamentais, que eclodiram a 30 de Abril, causaram em duas semanas 180.000 deslocados.
Pouco tempo depois, no Burkina Faso, mais de 20 homens armados entraram numa igreja católica, interromperam a missa e mataram um padre e cinco outras pessoas a tiro antes de pegarem fogo à igreja, a lojas e a um café próximos. Este foi o terceiro ataque a igrejas católicas no país em cinco semanas.
Agora Macron actualizou o seu ponto de vista sobre a cooperação, a defesa e a necessidade de reforçar os vínculos entre países.
A união faz a força. ■
Mais uma conquista para António Costa
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