Nomeações por simpatia
DIABO nº 2215 de 14-06-2019, pág 16, por António João Soares
Errar é humano e ninguém está isento de erros e de imperfeições. Porém, as consequências dos erros podem ser insignificantes ou podem ser tragicamente lesivas de interesses de Estados ou até da Humanidade.
Parece ser uso corrente nas partidocracias o critério de avaliação dos valores das pessoas assentar prioritariamente na estima, amizade e anteriores trocas de favores e, assim, serem muitas vezes nomeadas para dirigir instituições públicas pessoas sem a capacidade suficiente para as fazerem funcionar satisfatoriamente e sem terem a desejada competência para as aperfeiçoarem e fazerem evoluir as suas finalidades para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos delas beneficiários e, assim, fazerem desenvolver o País nos seus sectores fundamentais.
A formação ética e cívica dos cidadãos hoje acima da meia idade foi obtida nas famílias, nas escolas com a ajuda da Mocidade Portuguesa e no Serviço Militar em que se aprendia, além de servir a Pátria, por todas as formas práticas, o respeito pelos outros e o sistema de colaboração em que se baseava o trabalho em equipa, qualidades que faziam parte de um conjunto que era útil e imprescindível na generalidade das profissões e nos contactos sociais. Hoje, tudo isso foi posto de lado e vê-se a violência no desporto e em casa e, por outro lado, o alheamento em relação aos utilizadores de transportes públicos e das ruas, por pessoas cegamente entregues a tecnologias internáuticas, com jogos e passatempos que nada contribuem para a evolução do saber e da cultura que contribuam para melhorar o futuro da sociedade. Chega ao ponto de interrogatórios a estudante do secundário mostrarem que é grande a percentagem dos que não sabem qual a capital do seu país.
E é desta população, em que alguns conseguiram ler umas páginas e saber papagueá-las, conseguindo assim ter diplomas universitários, mas desconhecem as realidades do País e os porquês dos acontecimentos, por não terem aprendido a observar e a raciocinar, que são formadas as juventudes partidárias aproveitadas como alfobres de deputados, governantes e altos quadros de instituições públicas. As nomeações para cargos públicos não se baseiam em avaliações das qualidades de saber e de experiência específicas para o cargo a desempenhar, mas por simpatia, compadrio, troca de favores, indiferentemente do cargo a ocupar.
E daí resulta que tenha havido as tragédias dos incêndios, derrocadas de estradas, de pontes, desaparecimento de quantidades de obras de arte património nacional, etc, etc. Daí que haja tanta greve e não tenham sido tomadas decisões ajustadas à melhoria e normalização do funcionamento dos respectivos serviços públicos. Porque não funcionam bem as diversas instituições da saúde? E, se não funcionam bem, porque não foram reparadas de imediato após ter sido referida a deficiência? A resposta é lógica: porque os responsáveis pelos diversos graus do problema não são pessoas com saber e experiência para o seu desempenho, desde o mais baixo grau até ao ministério.
Mas os ministérios estão pejados de gente que consta das folhas de pagamento e recebem regularmente o vencimento, os subsídios e todas as frivolidades a que podem ter acesso. Fica muito caro aos contribuintes este superpovoamento da máquina do Estado, porque a simplicidade seria mais económica e mais eficiente, sem o peso paralisante da burocracia. É uma forma doentia de combater o desemprego de gente inútil sem capacidade para fazer algo de válido, nem sequer guardar os ornamentos das paredes, como se viu com os quadros desaparecidos.
Que dizer da nomeação dos últimos ministros da Defesa, pessoas que não cumpriram o serviço militar? Este nem sequer parece ter frequentado o CDN (Curso de Defesa Nacional) no IDN. Depois de não gostar do desequilíbrio entre machos e fêmeas nos alunos da Academia Militar, põe em questão a viabilidade do subsistema de Assistência na Doença dos Militares (ADM). Que ideia faz da vida militar em combate? Nomeações por amizade, simpatia ou compadrio dão estes resultados. ■
quinta-feira, 13 de junho de 2019
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