Solidariedade humana e migração
(Publicado em O DIABO nº 2198 de 12-02-2019, pág 16)
Em todas as civilizações é defendida uma ética semelhante à que os cristãos resumem nos “mandamentos”, de respeitar os outros e tratá-los como se deseja ser tratado. Se cada um cumprir esses deveres, será assegurado o direito a não ser agredido e a não ser roubado por bandidos e por corruptos ou maus políticos que priorizam os seus próprios interesses para satisfação de vaidade e ambição, desprezando o dever de defender os interesses dos cidadãos e dar-lhes melhor qualidade de vida.
Estes conceitos estimulam a reflexão sobre diversos temas da vida real, muitas vezes ocultos e camuflados por uma comunicação social desvirtuada que, em vez de informação e divulgação de cultura edificante, é viciada pelo “politicamente correcto” que serve interesses inconfessados.
Um desses temas, actual, centra-se na movimentação de pessoas gerida ao sabor de interesses que procuram ficar ocultos, mas que dão lucro aos traficantes humanos tolerados por poderes internacionais sob a capa de “ajuda humanitária”.
Embora o assunto ganhe acutilância em cada dia que passa, recordo o texto “Refugiados, solidariedade e respeito pelos outros”, aqui publicado em 08-11-2016, e o mais recente “Refugiados: apoiar sem fuga ou depois dela”, publicado em 03-072018. Embora se tenha passado bastante tempo, as sugestões ali alvitradas não foram partilhadas por outros amigos da humanidade, com poder de decisão, embora alguns pensadores já tenham defendido pontos de vista semelhantes, a propósito de casos concretos. Um desses casos é a posição de “chefões” da União Europeia a propósito da recepção de migrantes ou refugiados.
As vantagens de investir no apoio à política social interna nos países de origem são notórias e podem sintetizar-se em poucas linhas: manter a comodidade de as pessoas continuarem a viver no seu meio familiar e ambiental, com as suas tradições, a mesma Língua, os mesmos hábitos; evitar as dificuldades da viagem, do pagamento aos traficantes, do risco de acidentes em que tantos têm perdido a vida, da adaptação a um ambiente diferente e, por vezes, hostil, com dificuldades de contacto e de solidariedade, nos diversos aspectos da vida em sociedade, da ocupação, da produtividade para sobrevivência, etc.
Por outro lado, os países de acolhimento, com o apoio no país de origem, não teriam mais despesa porque deixariam de sustentar pessoas improdutivas, com subsídios, alojamento, alimentação, apoio de saúde, segurança, etc. Não teriam de fazer face a conflitos de segurança e a contactos agressivos com polícias que algumas vezes levantam preconceitos racistas, porque não se convencem que a lei existe para todos e não tem obrigação de ser igual à que existia no país de origem. Mas nos casos de acolhimento, a criação de bairros para migrantes é um erro de autarquias e governo sendo preferível a inserção em bairros existentes para naturais onde a comunicação com vizinhos facilita a transição.
Uma das dificuldades da integração dos imigrantes é a sua falta de sensibilidade e do saber popular do ditado “na terra onde chegares faz como vires fazer para não aborrecer”. Essa noção será melhor absorvida se a morada for em urbanização normal e não em bairro isolado.
Outro aspecto negativo, além de cenas de violência perante polícias que têm por missão obrigar ao cumprimento de leis iguais para todos, pode provir de actos de terrorismo por elementos infiltrados ou que tenham sido usados por forças estranhas interessadas em convulsões.
Trata-se de um assunto extremamente sensível e complexo que necessita de profunda reflexão. Não é por acaso que muitos Estados se têm manifestado em oposição aos intuitos da ONU traduzidos no acordo de Marraquexe e de na UE existirem claras divergências quanto a isto e ter havido alteração quanto a posições tomadas há algum tempo, quer por países mediterrânicos quer pela própria direcção continental. ■
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