Governar é zelar pelas pessoas e pelo território
(Publicada no Semanário O DIABO em 30 de Outubro de 2018)
Governar consiste num esforço intenso e persistente orientado para melhorar a qualidade de vida da população, como em tempos se dizia, “tudo a bem da Nação”. Para o bom desempenho de tão importante missão, cada decisão deve ser precedida por adequado estudo, seguindo uma metodologia semelhante à que ficou explicada no texto “preparar a decisão” publicado aqui, em 27-9-2016.
Para isso, há que evitar falsos videntes ou profetas evangélicos que estejam mais interessados em demolir tudo o que existe, sem terem uma visão realista, clara do futuro que é pretendido. A teoria de tais “sábios” é arrasar tudo e “depois se verá”. Mas as mudanças não podem ser feitas por impulso, às cegas.
A missão de governar é muitas vezes parecida com a marcha a corta mato em terreno acidentado, em que é essencial evitar precipícios e outros obstáculos, como o que emerge de algumas faculdades em que se procuram professores e educadores, eivados de vícios doutrinários semelhantes aos que já foram relegados pela Rússia, pela China, por Cuba e outros Estados e que estão a dar péssimo resultado na Venezuela e noutros países governados por míopes que não conseguem vislumbrar nem imaginar, com algum pormenor o futuro a que estão a abrir as portas. É certo que o passado não deve ser copiado e tornado presente e futuro, porque “parar é morrer”, mas dele devem aproveitar-se os lados bons e tirar conclusões, mesmo dos erros acontecidos, para se criar uma sociedade nova e saudável, perante os condicionamentos actuais e previsíveis. É imperioso que se procure evitar que a democracia continue a degenerar e a degradar-se com tendências trágicas geradoras de corrupção e pobreza insuportável, aspectos em que Portugal parece estar a aproximar-se do fim da escala de valores ou a caminho de um fim apocalíptico. Para evitar percursos trágicos, devem seguir-se exemplos de alguns nossos parceiros na EU, como República Checa, Eslovénia, Eslováquia, repúblicas bálticas, Croácia, Hungria, Polónia, etc.
Para reduzir a pobreza e aumentar o crescimento, o desemprego deve ser diminuído de forma bem ponderada, começando por mentalizar os jovens com o velho ditado “só manduca quem trabuca”, ensinar o essencial para um trabalho produtivo, através de formação profissional e apoio a vocações reveladas. A produtividade deve ser incentivada e, em conformidade com os lucros da empresa, ser recompensada com proporcional aditamento ao salário. Porque o aumento dos lucros não se deve totalmente aos administradores mas, em grande parte, ao esforço dos trabalhadores mais dedicados e produtivos.
Os governantes devem dar o exemplo da sua dedicação aos melhoramentos da vida nacional, concretamente dos cidadãos, com mais eficientes serviços públicos de saúde, educação, segurança pública, justiça e devem evitar fazer promessas que, se não forem concretizadas, descredibilizam e afastam o respeito e apreço que devem merecer aos cidadãos. Numa conversa relacionada com o Orçamento do Estado, foi referido que há repetição de promessas já feitas em anos anteriores, o que evidencia que não foram cumpridas e retiram credibilidade a quem as fez e a quem tem o desplante de as repetir.
Depois de esboçar este texto soube que, no dia 20, houve uma festa de recriação histórica da batalha do Forte de Alqueidão, em Sobral de Monte Agraço contra os franceses da terceira invasão, como justa homenagem à resistência do povo português e elogio da estratégia militar, por nesse dia de 1809, Lord Wellington ter entregue ao coronel Fletcher um memorando em que explicava a estrutura das linhas de Torres Vedras, como linha avançada para a defesa afastada de Lisboa. Boa lição de planear com vistas largas à distância de espaço e tempo. ■
António João Soares
23 de Outubro de 2018
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