A força da juventude gera esperança
(Publicado no semanário O DIABO em 10-04-18)
O futuro pertence aos jovens e, por isso, eles devem começar cedo a ser optimistas, entusiastas e positivamente inconformados com o
ambiente opressivo em que são criados. Devem abrir os olhos para aquilo que é positivo e que merece o seu esforço para conseguir o seu
futuro de dignidade, com respeito pelos mais válidos valores éticos e combater corajosamente as amarras socialmente patológicas com que os
querem impedir de sonhos e de desenvolvimento. Devem exigir condições para crescer em idade, saber e civismo. E, neste, enquadra-se o
respeito pelos outros, a recusa de injustiças, prepotências, exigências inúteis, etc.
Não podem deixar de ser motivos de esperança casos como os dos quatro projectos de investigação inovadores, de jovens investigadoras que
estão a abrir novas pistas, a desbravar, no estudo das ciências da saúde e do ambiente, que mereceram as Medalhas de Honra L’Óreal Portugal
2018. Além da honra de terem sido escolhidos, entre mais de 70 candidaturas, vão receber também 15 mil euros cada, para aplicarem
na continuação dos seus projectos de investigação.
Cito-as por ordem alfabética: Carina Crucho, investigadora no Instituto Superior Técnico, em Lisboa; Dulce Oliveira, estuda o clima
do passado, no Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA); Inês Bento, do Instituto de Medicina Molecular (IMM), da Universidade de
Lisboa; Margarida Fernandes, bolseira de pós-doutoramento na Universidade do Minho.
Estas quatro jovens merecem mais publicidade na Comunicação Social do que a que lhes foi dada e deve ser-lhes demonstrado o orgulho que
temos nelas. Merecem mais tempo de antena do que qualquer malandrim a quem as TV dedicam muitas horas por dia. Elas dão-nos esperança de que
a imagem de Portugal será recuperada. Parabéns a estas estudantes e investigadoras entusiastas.
Além destes casos, tem havido outros de projecção internacional e continuará a haver muitos mais, o que prova que o real valor dos
portugueses está a ser revitalizado pelos jovens. Felizmente, Portugal não se evidencia apenas pelo futebol!
Mas o caso mais focado nas notícias é o que ocorreu nos EUA, em que sobreviventes do ataque em Parkland, Florida, em 14 de Fevereiro, em
que um ex-aluno promoveu um massacre na escola Marjory Stoneman Douglas, matando 17 pessoas e deixando vários feridos, organizaram
uma manifestação geral em todos os EUA que chegou a mais de 800 localidades e, em Washington DC, juntou meio milhão de pessoas, em que
os discursos foram reservados aos menores de idade e gerou protestos solidários de Londres a Sydney, de Genebra a Tóquio.
A chamada geração dos tiroteios na Marcha Pelas Nossas Vidas foi um protesto global contra as armas, contra a permissividade da concessão
de licença de uso e porte de arma e pela alteração da lei, de forma a restringir esse direito.
A sociedade tem vindo a cair na falta de respeito pelos outros, na insegurança, no crime. Estes jovens querem um mundo sem armas. Não
querem mais mortes nas escolas, manifestando-se contra as armas e outros perigos e exigindo ao governo que actualize a legislação e
deixe de se submeter aos lobbies do armamento. E gritaram «Basta. Nunca mais».
É muito positivo que a juventude aja para ter um futuro melhor. Cabe às gerações mais novas preparar o seu futuro, eliminando muita coisa
errada da sociedade. Devem lutar por mais civismo e menos prepotências e arrogâncias dos detentores dos Poderes político, económico e
financeiro.
António João Soares
03 de Abril de 2018
Momento cultural
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