domingo, 14 de março de 2010

A Luz faz doer os olhos a alguns políticos

O título «Socialistas irritados com apoio de Cavaco Silva a comissão de inquérito ao negócio PT/TVI» de notícia do Público de hoje é apelativo e estimula reflexões sobre os termos transparência e verdade. Embora a irritação seja disfarçada e não assumida em público, ela existe.

Só porque o PR deu o seu apoio - implícito - ao inquérito parlamentar sobre a tentativa de compra da Media Capital pela PT, ao admitir: "Não sei se os portugueses estão esclarecidos e, por isso, a Assembleia da República abriu um inquérito parlamentar."

Deputados socialistas consideram que Cavaco "colocou-se ao lado da oposição" deixando claro, por exemplo, não acreditar que uma operação como a da venda de uma empresa como a TVI pela PT não fosse do conhecimento do Governo.

Dirigentes do PS consideram que, com estas declarações, o Presidente está a legitimar a comissão de inquérito à qual os socialistas se opõem com toda a veemência. O deputado Francisco Assis foi o porta-voz do "não" socialista ao inquérito que, acusou, servirá apenas para "enxovalhar" José Sócrates.

A verdade que possa a vir a ser concluída não enxovalha ninguém que seja puro e sério. A verdade será sempre, em qualquer circunstância, a coisa mais desejada, o bem mais precioso. Porém, tal irritação não surpreende, porque a transparência democrática de que os governantes tanto falam, a verdade que tanto dizem seguir, o sentido de Estado, a dignidade, o interesse em criar melhores condições de vida para a população, como não parecem ser os seus verdadeiros objectivos orientadores, fazem compreender tal desconforto com o apoio do PR à Comissão de Inquérito.

Aliás, o PR não meteu uma lança em África, pois qualquer Comissão de Investigação, qualquer Tribunal, deve ter todo o apoio de entidades responsáveis e impolutas e merecer todo o respeito e condições para funcionar com liberdade, isenção e rigor, independente de qualquer tipo de poder.

Mas as comissões parlamentares já nos habituaram a «parir um rato» e tal irritação traduz o medo de esta não ir pelo mesmo caminho e acabar com resultado honesto, doa a quem doer.

É lamentável que alguns socialistas sintam tal irritação e, pior do que isso, que tenham o despudor de a manifestar, mesmo que timidamente. Tais gentes não prezam a imagem que deviam cultivar e evidenciar publicamente.

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