sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Assessores para que servem?

Já por várias vezes aqui escrevi sobre o suposto papel dos assessores. São feitos à imagem e semelhança dos seus «patrões» para descanso dos mesmos. Há poucos anos os jornais levantaram uma celeuma acerca da mais de uma centena de assessores que enxameavam os gabinetes, apesar de a maior parte só por lá aparecer em «part-time».

Ouvi na TV uma vereadora, senhora de reconhecido mérito a quem têm sido dados cargos de grande responsabilidade, dizer que tinha ao seu serviço quase uma dezena de assessores e a sua escolha não tinha obedecido a critérios de competência mas de «confiança política». Enfim, uma agência de emprego ou um asilo para não competentes, amigos ou protegidos da oligarquia partidária.

Para maior mal, é desses privilegiados pela tal «confiança política» que saem os deputados, os secretários de Estado, os ministros, e nas autarquias seguem percurso paralelo. Isto ajuda a compreender as broncas que ocorrem frequentemente com a legislação e decisões que depois ou são alteradas - os recuos – ou são mantidos teimosamente causando graves danos na vida nacional.

O artigo que a seguir se transcreve evidencia isso. Os assessores que apenas dizem o que pensam que o patrão deseja ouvir, que apenas sabem dizer, com má pronúncia, «yes sir», não ajudam a fazer o melhor e nem evitam que se cometam erros ou imperfeições desagradáveis. Para nada servem. Mas pelo país fora há milhares destes inúteis que são bem pagos pelo Estado e muitos acumulam com os proventos do tráfico de influências, que lhes é fácil por estarem próximos do bafo dos actores do Poder.

Eis o artigo atrás referido:

Cavaco está sozinho?
Correio da Manhã. 01 Outubro 2009. Por Octávio Ribeiro

Depois de ouvir o discurso de 11 minutos e de seguir as múltiplas reacções, fica a pergunta: estará Cavaco Silva sozinho? O discurso foi mau de mais para um Chefe de Estado que habituou o País ao rigor.

Ninguém das citadas Casa Civil ou Militar teve a coragem de dizer ao Presidente que aquele arrazoado de argumentos era uma confusão tremenda? Ninguém pigarreou para depois opinar que, de um Presidente, dois dias depois de Legislativas, as pessoas esperam um discurso claro, firme – de Estado? Por estes dias, Cavaco parece sozinho em Belém. E dessa solidão má conselheira desce para a rua um sentimento de descrença, que se cola aos 2 773 431 cidadãos que o elegeram à primeira volta. O País precisa, mais do que nunca, de um Presidente forte. Unificador. Sem prescindir dos princípios com que se apresentou ao eleitorado.

NOTA: Apesar de ser da sabedoria comum que «não há regra sem excepção» quero frisar que, quando refiro «os assessores» admito poder haver eventuais excepções.

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