Publicado em 28 de Junho de 2009 no blogue Do Miradouro.
A campanha eleitoral das últimas legislativas, assente em promessas miríficas e em projectos de reformas de que o Estado estava necessitado para se modernizar, granjearam ao PS a maioria absoluta dos votos. Foi uma táctica vencedora, premiada. O Governo prometia ser o melhor desde 1974.
Porém, passados poucos meses, o entusiasmo e a ilusão deram lugar ao desconforto, ao descrédito e à desilusão, e as recentes eleições para o PE vieram concretizar o sentimento colectivo que se vinha tornando visível. É que as promessas não foram cumpridas. Os projectos de reformas foram muito mal esboçados e iniciados, pois em vez de procurarem obter a colaboração e o entusiasmo dos agentes mais representativos dos sectores afectados, hostilizaram os funcionários que iriam ser beneficiados ou atingidos pelas reformas visadas. E daí a resistência de juízes, médicos, farmacêuticos, enfermeiros, professores, militares, polícias e a generalidade dos funcionários públicos.
A lição devia ter sido aprendida por forma a que os erros tácticos não fossem repetidos e a actual campanha fosse iniciada em moldes mais prometedores. A estabilidade governativa de que tanto se fala, o respeito pelos governantes, a credibilidade do Estado, mereceriam esse cuidado!
Mas, pelo contrário, a falta de autocrítica, de exame de consciência, leva à continuação da arrogância que já deu o que tinha a dar. À falta de outras modalidades de acção, ouve-se o início de mais promessas.
O secretário-geral socialista, José Sócrates, propôs a criação de cinco mil estágios profissionais por ano na administração pública, considerando que a promoção de estágios é também uma obrigação do Estado. Mais do mesmo: uma promessa vaga e sem estudos de base que a tornem credível. Talvez um projecto do tipo «novas oportunidades» que não parará enquanto houver um português sem diploma de licenciatura.
Um outro assunto que nesta data devia ser ponderado é o de os partidos deveriam procurar votos com argumentos positivos, mostrando as suas capacidades de realização, aquilo de que são capazes para solucionar os problemas de Portugal, e evitar os ataques soezes aos partidos rivais. Este procedimento de ataques sistemáticos e cansativamente repetitivos e descabidos, foi usado pelo cabeça de lista do PS ao PE, Vital Moreira, que, com isso, obteve um resultado aviltante para o partido, como ficou bem visível pela atitude do seu secretário-geral na noite das eleições.
Destes ataques devia ter sido tirada a devida lição para a evitar a repetição dos mesmos erros nesta campanha que está a ser preparada.
Porém, em vez da assunção da lição, vemos o próprio secretário-geral a imitar Vital Moreira como se vê pelos as notícias com os títulos Sócrates acusa direita de querer retroceder nas políticas sociais e Sócrates intensifica críticas à Direita. Os eleitores já mostraram que não se deixam pressionar por esses argumentos demolidores, reagindo a eles negativamente. Será preferível que o partido reaja de forma positiva, construtiva, mostrando aquilo que vale, aquilo de que é capaz e tudo isto condimentado por uma forte afirmação de vontade de colocar os interesses dos cidadãos trabalhadores acima dos interesses dos partidos e dos políticos.
Infelizmente, para desgraça dos portugueses, tudo começa mal, com a preparação da decisão das datas das eleições em que os argumentos assentaram nos interesses dos partidos e não nos interesses dos portugueses, dos custos de dois actos eleitorais em vez de apenas uma campanha e de um dia.
Os eleitores dirão nas urnas a sua posição. Já mostraram que não são tão «burros» como por aí se possa pensar.
O que eles disseram faz agora dez anos
Há 1 hora
Sem comentários:
Enviar um comentário