Publicado em 5 de Abril de 2007 no blogue Do Miradouro.
Embora o actual Governo tenha prometido levar a cabo um Plano de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE), de que já havia necessidade há vários anos, ela está a ser mais lenta do que o desejável e a sair com defeitos de fabrico que, em muitos casos, tem sido retirada do mercado! Para os observadores mais pessimistas, pode parecer que os governantes, apesar da inquestionável boa vontade e recta intenção, pairam sem compasso nem leme ao sabor de ondas, ventos e marés, sem descortinarem para que lado pretendem avançar.
Deparamos, dia-a-dia, na sequência de promessas e decisões recentes, com o anúncio de que não são confirmadas ou com declarações de recuo num ou outro caso. Tudo isso em consequência de decisões mal fundamentadas, voluntaristas, desajustadas das realidades nacionais que não resistem às primeiras manifestações de desagrado por parte dos eleitores. Fica a pergunta silenciosa para que servem as centenas de assessores que enxameiam os gabinetes e são pagos principescamente? Parece que não estão a apoiar sensatamente o respectivo patrão e a evitar que ele erre. Por outro lado, teria sido mais prudente, eficaz e prestigiante, negociar antes de ser tomada a decisão definitiva, o que evitaria erros crassos e facilitaria a compreensão e a aceitação pelos destinatários, do que ter de recuar, perante as reacções de autarcas e populares. Perante estas reacções, após autoritarismo e arrogância, vai-se reforçando a dúvida de se os políticos alguma vez falam verdade e como conseguir saber quando o fazem, e se a arrogância e as referências a milagres não passam de fumaça para camuflar as suas fraquezas. É certo que «errar é humano», mas, neste sentido, os governantes estão a evidenciar ser demasiado «humanos», mais do que o desejável.
A «ocasional» incoerência, incapacidade e irracionalidade fica demasiado evidente, por exemplo, no desprezo a que está a ser votado o interior do País, com fechos de escolas, maternidades, urgências, tribunais, repartições de Finanças, etc. Em vez de criar estímulos para atrair habitantes ao Portugal profundo, como foi intenção da presidente da câmara de Vila de Rei, está a ser feito precisamente o contrário, retirando os apoios mínimos aos poucos resistentes que teimam em continuar ali até ao fim. A continuar neste rumo, dentro em pouco, mais de metade do País ficará inteiramente despovoada, à mercê de quaisquer grupos estranhos que ali queiram instalar-se clandestinamente e desenvolver actividades marginais.
Poderei estar enganado e ao contrário do que atrás é referido, possa haver uma estratégia governamental coerente e inteligente, mas, se assim for e como estamos em democracia convinha que o povo fosse esclarecido das finalidades pretendidas, se é que são confessáveis, a fim de a elas aderirem de forma positiva e construtiva.
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