Mudanças para o desenvolvimento
(Public em O DIABO nº 2278 de 28-08-2020, pág 16. Por António João Soares)
As reformas para o desenvolvimento têm sido objecto de notícias e de opiniões de cidadãos esclarecidos e interessados no melhor futuro para Portugal, dos seus cidadãos e do seu património nacional. Há muita gente a falar de mudanças, mas sem ter algo de concreto e realizável com utilidade para a sociedade de amanhã, através de uma evolução adequada, sem roturas nem alterações dolorosas, e que contribuam para as melhorias desejadas nos sectores fundamentais.
Mudar por mudar, normalmente, pode nada trazer de positivo e, além dos custos financeiros, pode arrastar a vida das pessoas para situações de crise de difícil ou impossível retorno. Para se conseguir melhorias, as decisões devem ser tomadas segundo uma metodologia semelhante à que referi no segundo artigo que aqui publiquei, há quase quatro anos, depois do convite que aceitei, com a íntima e não divulgada missão de contribuir para um futuro melhor de Portugal e da humanidade. Depois de 200 artigos publicados, que guardei no blog “Do Miradouro”, quis fazer aqui referência a dois ou três com maior interesse sobre o assunto, mas encontrei 31 de onde será trabalhoso retirar os que devia escolher para isso. Mas deixo a indicação aos eventuais interessados de que, mais fácil do que procurar e folhear duas centenas de jornais, podem encontrar os textos em http://domirante.blogspot.com, onde os tenho guardado depois de publicados.
Para decidir e concretizar a mudança, é imprescindível e fundamental definir o objectivo essencial e alguns secundários que para ele concorram e, depois, deve ser escolhida a estratégia para os atingir. Em qualquer destas tarefas a metodologia deve ser lógica e racional, sempre de olhos postos nas realidades e potencialidades nacionais, sem olhar a interesses parciais, para não lesar a escolha da finalidade desejada, que deve estar sempre em mente, de criar um melhor futuro para Portugal e para os portugueses. Por isso, a escolha de cada troço do itinerário estratégico não deve ser eivada de interesse partidário ou ideológico, para isso resultar do consenso de um pequeno grupo de especialistas altamente competentes no assunto e que se comprometam a não se deixar tentar a aceitar pressões inconvenientes.
É certo que, para cada objectivo, pode haver mais do que uma solução defensável e, quanto a isto, recordo o General Bettencourt Rodrigues que, como professor do Curso Complementar de Estado-Maior, em Pedrouços, ao preparar-se uma decisão e ao fazer a lista das soluções possíveis, dizia para os alunos: “agora durante cinco minutos a asneira é livre”. Com isso, queria dizer que na fase seguinte da discussão para escolha da melhor solução, não devia deixar de se contar com qualquer hipótese e é claro que, na maior parte, eram postas de lado à primeira vista de olhos e o maior tempo para a escolha era dedicado a duas ou, no máximo, três. E dessas a escolhida era esmiuçada em todos os aspectos para a concretizar em acções bem definidas a realizar pelos variados executantes e especialistas, sempre com os olhos postos no objectivo a atingir, a missão, como era designado em termos militares. E só depois de todo esse trabalho ser aprovado pelo responsável máximo pela operação é que eram difundidas as missões específicas para cada sector executante. E na acção, perante alterações das condições de inimigo, terreno, meteorologia e meios, podia haver ajustamentos para se manter a finalidade desejada.
Esta metodologia é aplicável a qualquer decisão individual, empresarial ou estatal e deve iniciar-se pela definição do problema, suas causas, suas condições, o meio ambiente, as pessoas afectadas, etc. A aplicação desta metodologia às decisões para a recuperação da actual crise económica e sócio-cultural pode ser uma garantia de êxito. ■
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