Coreia do Norte com vaidade e arrogância
(Public em O DIABO nº 2257 de 03-04-2020, pág 16)
A loucura da guerra e a vaidade de ter armas de grande poder destruidor são defeitos comuns a grandes potências que sonham com o domínio do Mundo, o que suscita comentários demolidores dos pensadores mais serenos. Mas, infelizmente, há países de reduzida dimensão que não resistem à tentação de mostrar a pior das vaidades e esquecem o bem-estar e a segurança do seu povo, para desbaratarem o pouco produto do trabalho dos cidadãos no fabrico de armas vistosas de que não obtêm resultados correspondentes ao custo.
O caso mais recentemente noticiado é o do lançamento pela Coreia do Norte de dois mísseis de curto alcance na manhã de dia 21 de Março que percorreram 410 quilómetros antes de caírem no mar do Japão. Segundo a Coreia do Sul e os seus militares do Serviço de Informações que estão em permanente observação das actividades do seu vizinho do Norte, este foi o terceiro lançamento neste mês de Março.
O governo norte-coreano, com vaidade e arrogância, justificou a produção de armas nucleares como uma resposta necessária contra a política externa agressiva dos Estados Unidos em oposição à Coreia do Norte. Mas não analisa correctamente tal posição que é absurda porque, numa guerra propriamente dita com os EUA, a Coreia do Norte ficaria reduzida a pó. Mesmo que os EUA não praticassem tal destruição, a Coreia, depois dos custos que já está a ter e dos danos que teria durante o conflito, mesmo que ligeiro e rápido, não obteria a mínima vantagem nesta arrogância. E, provavelmente, não encontraria qualquer potência que, para apoiar tal loucura, se levantasse contra a grande potência americana.
Na actual situação da pandemia do Covid-19, surgida na China e já espalhada por grande parte do globo em que as pessoas estão em quarentena, a fim de evitar as piores consequências, esta acção de preparação bélica constitui um “acto altamente inapropriado”, não só pela pandemia surgida no país seu vizinho e que, certamente, está a afligir o seu povo mas também por a sua população viver com dificuldades e ver o fruto do seu trabalho desperdiçado em fantasias de grandeza desnecessárias e completamente inúteis.
No início de 2019, houve uma cimeira com Trump em Hanói a fim de a Coreia do Norte parar com experiências nucleares, mas não houve cedências à América e esta recusou levantar as sanções económicas. Porém, Kim Jong-un, apesar das suas dificuldades económicas, quer ter o país preparado para combater qualquer guerra provocada pelos EUA e disse que “as suas Forças Armadas estão prontas para proteger o seu povo e o céu azul da sua pátria”. Trata-se de uma arrogância insensata, com a qual os responsáveis militares não concordam, mas a que não podem desobedecer por não desejarem ser assassinados.
Há quem manifeste esperança de a humanidade vir a ter grandes modificações, após ter sido habituada a novos comportamentos pela quarentena que lhe foi imposta para fazer frente à actual pandemia. Porém, tais esperanças terão de ser condicionadas pela péssima qualidade de grande parte dos “responsáveis” pelos Estados que colocam acima dos reais interesses dos seus povos, o vício da ambição pessoal, da vaidade, do orgulho, da arrogância e da ostentação de actos insensatos.
A actual pandemia do Covid-19 deve incitar à reflexão profunda ponderando que todas as pessoas, independentemente da riqueza e da posição social, estão sujeitas à doença e à morte, pois têm morrido médicos e foram afectados governantes que decidiram abandonar as funções e entrar no isolamento das quarentenas e até em cuidados intensivos. ■
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