Paz e harmonia em vez de violência e guerra
(Public em O DIABO nº2246 de 17-01-2020)
Sua Santidade o Papa Francisco, após a escalada da tensão entre EUA e Irão perante o assassinato do General iraniano Qassem Soleimani efectuado por um drone no aeroporto da capital do Iraque, apelou ao «dom da paz». Ele sabe que violência gera mais violência e esta pode ter sido reacção a um cerco demorado à embaixada americana no Iraque que levou Trump a decidir enviar mais 750 militares americanos. No entanto a escalada de violência nada traz de bom porque o «dom da paz» conseguida por meios pacíficos é a mais desejada solução pelos resultados imediatos e os que surgem como consequência. Se um acto terrorista levado a cabo por um bando de marginais gera repulsa, o acto realizado por pessoas responsáveis e com meios mais sofisticados, cria um asco que nos faz detestar grandes responsáveis por grandes potências e deixar de ter consideração pelos mais altos políticos que perdem dignidade ao desprezarem vidas humanas.
A paz constitui um bem impagável ao contrário da guerra que além de gastos, traz violências exageradas que afectam as duas partes envolvidas a ponto de, no fim, nenhum dos lutadores poder considerar-se vencedor por ter tido mais custos, perdas e despesas do que os eventuais benefícios adquiridos. A negociação em vez da guerra poupa sacrifícios de bens e vidas e resulta num ambiente de harmonia muito vantajoso, se forem dominadas as ambições e vaidades de mentes mal formadas. Já vai sendo frequente saírem de altos responsáveis por grandes potências ideias defensoras de soluções pacíficas para qualquer tipo de atritos e de mal-entendidos, antes de serem objecto de tentativas violentas.
Já aqui publiquei vários textos a abordar este problema que, embora não referissem o «dom da paz», estão muito convergentes com as palavras do Papa e já houve amigos que, em conversa sobre o tema sugeriram que os altos dignitários dos Estados, antes de se candidatarem a eleições ou nomeações, deviam ser submetidos a exames psicotécnicos, como acontece em alguns sectores da vida pública, para garantirem que não sucumbem a tentações de vaidade, ambição, corrupção que se sobreponham à defesa das populações e dos autênticos interesses nacionais.
A procura da paz e da harmonia social entre as pessoas e entre os Estados deve ter a mais alta prioridade para bem de todas as pessoas, de toda a Humanidade, por se tratar do melhor tesouro da existência humana. O diálogo aberto, o compromisso, a solidariedade, são o resultado desse bom comportamento ético, moral e social.
A comunicação social erra ao criar a impressão de que todos os países estão em conflito e «guerra», mas «a ONU (Organização das Nações Unidas), que foi fundada em 1945, com o compromisso de manter a paz e a segurança internacionais, fomentar as boas relações entre as nações, promover o progresso social, melhores condições de vida e direitos humanos», deve fazer todo o esforço possível para garantir a paz global. No entanto, convém que o Conselho de Segurança pratique a democracia na sua constituição e deixe de ter o «privilégio» de cinco membros todo poderosos que o transformam em ditadura, com a sua posição vitalícia, poder de possuir as armas nucleares que devem ser totalmente proibidas e de terem direito de veto em qualquer decisão da Instituição.
A paz autêntica não se obtém com envio de forças militares para lutar contra outros interesses em países pequenos, como se tem verificado no Médio Oriente e em alguns Estados da Ásia e da África. Cabe à ONU a missão de procurar tornar a Humanidade mais moral e ética, respeitadora dos direitos dos outros e tolerante de religiões, tradições e outras características de etnias, desde que não ofendam terceiros.
Como seríamos todos mais felizes se os principais líderes mundiais usassem de mais harmonia e colaboração para o bom entendimento mundial como família humana!
Bendito o Papa que apelou ao «DOM DA PAZ»
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