Para governar o País real
(Publicado no semanário O DIABO em 7 de Novembro de 2017)
Governo é o supremo executante ou responsável pela execução de todas as medidas que contribuam para melhorar as condições de vida e de segurança da população e para desenvolver o País em todos os diversos sectores. Para isso não pode deixar de difundir pelas pessoas a informação, o saber, mais conveniente. E terá que dar o melhor exemplo nas áreas em que a máquina do Estado reserva para si a responsabilidade directa. Muitas sugestões e alertas têm vindo a público da parte de cidadãos amigos do País que gostam de o dar passos mais convenientes para evitar situações catastróficas como foram os incêndios deste verão.
Mas os altos responsáveis não podem querer tomar medidas acertadas se desconhecerem as realidades das diversas regiões, dos diferentes locais, se se mantiverem sentados às suas secretárias e partirem de ideias teóricas gerais e de palpites, por melhor intencionados que possam ser. E a realidade demonstra que o Governo, nesse aspecto, não merece confiança, não dá bons exemplos, como se evidenciou com a destruição pelo fogo do Pinhal do Rei, em Leiria que, como mata pública, devia ser objecto de cuidados exemplares. Se não cuida eficientemente daquilo que está directamente sob a sua responsabilidade, não pode nem sabe exigir que os privados cuidem bem dos seus haveres.
Para que servem as inúmeras viaturas, pagas com o dinheiro dos contribuintes, que estão ao serviço de entidades públicas? Será apenas para lever as suas famílias irem às compras e ao esteticista? Melhor seria que fossem utilizadas para visitar os diferentes locais do interior do País e, aí, ouvir os residentes acerca das condições reais, em que vivem, conhecer as suas dificuldades e as suas ideias acerca da forma de melhorar a participação no engrandecimento o País. Com base em dados assim obtidos e na leitura de sugestões que têm surgido na Comunicação Social, menos comprometida na propaganda partidária, e conversas serenas e livres com técnicos mais experientes e conhecedores dos assuntos locais, da vida e actividade rural, com pormenor sobre a vegetação, a agricultura, a água e o seu armazenamento para fazer face a períodos de seca, etc. etc.
Experimentem conhecer o território nacional, um pilar fundamental do Estado, experimentem nomear colaboradores, oriundos do interior do País e que ali tenham visto de perto os factores de desenvolvimento e os aspectos positivos e negativos da situação rural, quer agrícola quer florestal. Devem falar com o povo, sem soberba nem arrogância, mas sim, com a humidade de quem tem vontade de ouvir para aprender, para compreender as realidades nacionais e de, assim, obter bases para tomar decisões correctas e orientadas para o longo prazo.
Mais do que discutir as dificuldades não solucionadas pelo governo, por incapacidade ou coragem de enfrentar pressões diversas desde os partidos, às eleições, passando pelas sondagens de popularidade, pelos interesses privados sempre na penumbra, há que preparar e efectuar reformas estruturais que permitam aos governos do futuro agir de forma organizada e coerente em defesa dos interesses nacionais e na melhoria da economia e da qualidade de vida da população. A utilização das tecnologias modernas permite reduzir efectivos de gabinetes, hoje esmagadas por favores a familiares, amigos e «boys» do que resultará redução da burocracia, em benefício dos cidadãos e da redução de impostos e da dívida pública.
Seria bom que governantes e líderes de partidos lessem atentamente o livro «Governar Melhor», de Fernando Teigão dos Santos, especialista em planeamento, prospectiva e desenvolvimento sustentável. A reflexão sobre os temas ali abordados poderá trazer grandes benefícios para Portugal e os portugueses e para o desempenho de políticos que pretendam mostrar-se realizadores inovadores e modernizadores.
31 de Outubro de 2017
António João Soares
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