Competência e idoneidade são indispensáveis
(Publicado no semanário O DIABO em 24 de Outubro de 2017)
Há funções que, pela sua importância social, devem ser desempenadas por pessoas com personalidade, formação e vocação para a perfeição e que, a cada momento, evidenciem competência e seriedade, actuando de forma exemplar para prestigiarem a sua instituição aos olhos dos cidadãos que dela dependam por diversas formas ou com ela contactem. Para se conseguir tal finalidade, os candidatos ao seu desempenho devem ser devidamente avaliados quanto a habilitações, a saúde física e mental, actividades anteriores, etc.
Se tal cuidado tivesse sido instituído e utilizado com regularidade, talvez não tivessem sido empossados indivíduos como o presidente americano que decidiu a invasão do Iraque em 20 de março de 2003, a qual gerou uma guerra assente em pressupostos falsos e que, ainda em curso, tem causado a destruição de muitos monumentos pré-históricos, muitas perdas de vidas e muitos danos pessoais e em haveres nacionais e dos sobreviventes.
Também o actual Presidente dos EUA não estaria a perturbar a paz e a sensação de insegurança mundial, com as suas preocupações de vaidade e fanfarronice, convencido de ser dono do Planeta e que se entretém a jogar ténis atirando ameaçadoras palavras de provocação a líderes de países desde a Coreia do Norte ao México, passando pelo Irão e a Venezuela.
Também um nosso recente Primeiro Ministro hoje, por vezes, referido como psicopata e já classificado réu de 31 crimes (3 de corrupção passiva, 16 de branqueamento de capital, 9 de falsificação de documentos e 3 de fraude fiscal qualificada e, no seu processo estão incluídos 28 arguidos (9 pessoas colectivas e 9 pessoas singulares)), se tivesse passado pelo crivo de avaliação pessoal, não teria agora dado tanto trabalho à Justiça, nem causado a crise nacional, que quase levou o país à de falência.
A desmedida vaidade e ambição pessoal de enriquecimento próprio com benefício pessoal e desprezo dos seus clientes e dependentes leva ao esquecimento da grei que é a primeira a ser sacrificada e a última a receber quaisquer regalias ou compensações daquilo que lhe é sacado ou do muito que lhe é prometido em campanhas eleitorais, quando lhe querem o voto.
Nas instituições públicas, a começar pelo Governo, precisa-se de pessoas com dignidade, ética, sensibilidade social, competência técnica para a função, pondo de parte critérios de amizade e de trocas de favores. O relatório sobre os fogos de Pedrógão Grande refere que «um alerta precoce poderia ter evitado a maioria das 64 mortes registadas, que não foram mobilizados totalmente os meios disponíveis no combate inicial e houve falhas no comando dos bombeiros». «O documento aponta, ainda, falta de conhecimento técnico no sistema de defesa florestal e falta de preparação dos atuais sistemas de combate às chamas para as alterações climáticas, confirmando, por outro lado, as falhas de comunicação do Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP)». Isto levou o PR a fazer a seguinte afirmação “Portugal aguarda, com legítima expectativa, as consequências que o governo irá retirar de uma tragédia sem precedentes na nossa história democrática”.
Em conclusão, nos critérios de nomeações para cargos de responsabilidade, não pode ser negligenciada a atenção a dar à competência e à idoneidade dos visados, e deve ser evitada submissão a pressões e caprichos pessoais em apoio de amigos, familiares, cúmplices ou coniventes.
António João Soares
17 de Outubro de 2017
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