quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Geração perdida? Não

Por vezes, deparamos com títulos nos jornais que despertam a reflexão. Mas, para pessoas menos esclarecidas e mais pessimistas, podem causar pânico e descrença em esforços positivos.

Refiro apenas três títulos impressionantes dos jornais de hoje «A geração que está agora com 16-25 anos estará perdida?», «O retrato de quatro jovens na precariedade» e «Mark Boyle: Há um ano sem dinheiro». Os dois primeiros mostram as dificuldades encontradas por jovens ao tentarem entrar na vida activa numa sociedade obsoleta e que já pouco tem para lhes oferecer. A geração referida não pode traçar planos de vida semelhantes aos que foram seguidos por seus pais e avós. As sociedades alteraram-se muito, em grande parte devido às novas tecnologias que, se por um lado, geraram novas soluções para antigos problemas, por outro lado, criaram novas necessidades e exigem novas técnicas e novos hábitos.

Há poucos anos li que um rapaz sueco de 17 anos tinha criado uma multinacional da seguinte forma. Na escola, a par das ciências clássicas e das humanidades, aprendeu gestão doméstica e de empresas e decidiu aplicar os conhecimentos de informática, prestando serviços de consultoria e apoio técnico a empresas, chegando a organizar a contabilidade de pequenas empresas. Como o trabalho aumentava chamou estudantes colegas para com ele trabalharem. Depois, através de contactos pela Internet com estudantes holandeses, montou uma filial em Amesterdão e, mais tarde, outra em Londres. Estava criada a multinacional que iria progredir na expansão.

Os jovens a que se referem estes títulos devem ser inovadores e iniciarem a sua era, com serviços e empresas diferentes daquilo que hoje existe, começando por imaginar quais as necessidades dos próximos tempos e anteciparem-se nas soluções de que o mundo vai precisar. Foi assim que os portugueses iniciaram os descobrimentos. É assim que muitos jovens válidos estão a observar pistas possíveis para a sua vida, a sua realização. É preciso muito conhecimento, we capacidade de inovação e criatividade.

Mas nessa «aventura» não devem tornar-se escravos de bancos ou conselheiros «experientes», porque todos eles estão presos aos erros do passado e do presente, com manhas e vícios que ou impedem a evolução de que o mundo necessita ou muito a dificultam.

O terceiro título acima referido mostra um jovem que tenta demonstrar como o consumismo e a escravidão actual produzida pelo marketing e pelos bancos são totalmente dispensáveis na vida em paz e felicidade. É certo que poucas pessoas acreditam que a passagem da sociedade actual para processos de vida sem dinheiro e sem a pressão do consumismo não será fácil nem rápida. Mas nenhuma evolução natural produz resultados em pouco tempo.
Há que analisar bem as realidades e os sintomas da evolução e sondar pistas e novos caminhos. Valerá a pena controlar a evolução e evitando euforias e erros graves.

Isso está nas mãos da juventude de hoje, que deve estar consciente de que lhe cabe preparar o futuro em que terá que viver e que esse ambiente não será nem igual nem sequer semelhante ao do tempo dos seus avós e pais, que permitiram a degradação a que o mundo chegou e que ficou bem demonstrada pela crise financeira,
económica e social em que ainda se vive.

Não se trata de uma geração perdida mas que está a procurar a sua forma de vier, o seu mundo. A ajuda que lhes pode ser dada, é a de pessoas que compreendam este fenómeno e ensinem como evitar e se defenderem das más influências dos actuais «velhos do Restelo» que tudo farão para manter a podridão que criaram e em que querem continuar a sua própria decomposição.

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