sexta-feira, 26 de agosto de 2022

A SOLIDARIEDADE É UM DEVER COLECTIVO

(Public em DIABO nº 2372 de 26-08-2022, pág 16, por António João Soares)

Temos o dever de amar os outros como a nós próprios. Isto que os deveres religiosos aconselham deve impedir a ambição porque esta, sendo elevada ao excesso do exagerado enriquecimento, priva muitas outras pessoas de disporem do indispensável para as suas necessidades básicas. Um dos deveres sociais torna-nos responsáveis, pelo bem-estar dos outros e de uma forma geral, pela harmonia comum, contribuindo para uma sociedade melhor e para manter viva a chama da fé e da esperança em dias mais felizes. 

Depende de todos nós promover a justiça, a segurança e a paz. Encontrei há dias uma lista de virtudes que devem ser desenvolvidas a todos os níveis sociais, principalmente pelos responsáveis políticos: altruísmo, sabedoria, cortesia, integridade, justiça, fidelidade, honradez.

No entanto, no mundo actual, vive-se quase agarrado ao egoísmo, ao interesse pessoal, em vez de se procurar contribuir para uma melhor qualidade de vida em benefício de todos, sem deixar ao abandono os menos favorecidos pela sorte.  A fé, a esperança e a caridade devem ser objectivos comuns para benefício de toda a humanidade. Com tal capacidade moral, a sociedade beneficiará de paz, prosperidade e partilha de riqueza. 

Quanto à protecção dos imigrantes, devemos ver neles seres humanos que necessitam de aprender uma nova língua, novos costumes, nova cultura, enfim aprender tudo de novo. Não basta dar-lhes o indispensável apoio financeiro que deve ser apenas uma ajuda para sobreviver, porque nos novos costumes e na nova cultura, devem contar com o resultado do seu trabalho para viver com dignidade e obter o essencial para ter comodidade e não ser desprezados, enfim, como pessoas normais.

A solidariedade deve ser colectiva e obrigar a viver com dignidade, justiça social e o devido respeito recíproco.

Infelizmente, grande parte dos políticos não seguem estes princípios porque, desde jovens, se habituaram a situações excepcionais de regalias e não conhecem a vida real da maioria dos cidadãos, as dificuldades do seu dia-a-dia com as complexidades dos pormenores com que se deparam. Chegam ao ponto de não compreender o valor do dinheiro que é obtido pelos impostos, e diversas taxas e, por isso, são levados a utilizá-lo de forma pouco ponderada, sem real benefício para aqueles que os pagam, por vezes de forma exagerada. Esses valores devem obrigar a meditar na forma moral e racional de os gastar, sem exagerar em benefícios próprios, de familiares, de amigos, de cúmplices ou de coniventes. E mesmo nos gastos com destino público devem ser ponderadas as finalidades, com estudos dos motivos e das soluções para serem escolhidas as mais racionais e os preços aceitáveis para o objectivo pretendido. As regalias devem ser conferidas mas não ser excessivas.

Haverá um longo caminho a percorrer até se conseguir uma solidariedade harmoniosa entre os principais países cujo comportamento em honradez, integridade e cortesia deve constituir um modelo e servir de exemplo para os restantes. Mas não parece fácil sair do vício das ameaças e actos violentos que prejudicam, não os altos responsáveis mas autores dos piores factos, por outro lado, os cidadãos inocentes são vítimas das piores violências e acabam por ser afectados por actos que os governantes ignoram.

Os sistemas de retaliações e ameaças estão a infernizar os povos com ligações à guerra no leste da Europa numa ou noutra das partes envolvidas. Agora já recorrem ao envio de vistos turísticos aos cidadãos russos que estão a ser incluídos nas sanções adicionais contra o estado agressor.

Esta impossibilidade de aqueles cidadãos poderem passear pacificamente pela Europa não livra os governantes, até porque os verdadeiros prejudicados não têm condições de sancionar os seus governantes nem sequer de os criticar, dado o autoritarismo que ali funciona. 

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

 (Public em DIABO nº 2371 de 19-08-2022, pág 16, por António João Soares)

Portugal dará possibilidade de ser realizada esta reunião mundial de jovens na primeira semana de Agosto do próximo ano. Este encontro de jovens constitui um salutar contributo para o bom entendimento social da humanidade. Serve para avivar o preceito religioso «respeitai os outros e amai-os como irmãos», este afecto que nos deve unir na harmonia social global, ultrapassando diferenças raciais e evitando ódios, invejas, vinganças, violências e muitos males de que a humanidade enferma e que deve merecer o máximo carinho de todos os serviços públicos e todas as religiões. O Papa pretende apoiar com a sua presença e seria desejável que outras religiões também se unissem no mesmo acto, esquecendo comparações, competições e rivalidades e procurando evitar violências e conflitos sociais e internacionais.

O respeito pelos outros, apesar de diferenças, o perdão de actos de antigas rivalidades estão aconselhados na segunda parte da trivial oração «Pai Nosso». Cumpramos os mandamentos constantes da religião.

Costumo referir o convívio semanal de um grupo de amigos, em que grande parte, são de origem viseense, como um exemplo a seguir na humanidade. E esta Jornada constitui, a outro nível, um caso semelhante que está a merecer a atenção mundial. A jornalista Rosália Amorim refere que nos organismos do Poder houve dificuldades levantadas quanto a problema financeiro, factor ambiental, localização e ainda bem que o problema foi analisado sob todos os aspectos como deve ser feito na preparação de qualquer decisão. Mas parece que tudo está já assente e definida a distribuição de competências e atribuições dos diversos afazeres. Esperemos que as condições de segurança se preparem para evitar qualquer discórdia entre tantos jovens e reduzir as condições de que alguma surja.

Portugal vai ser posto à prova e deve preparar-se para sair muito beneficiado na sua imagem de «paz e de segurança» bem conhecida dos muitos turistas que nos visitam.

Sobre a imagem de paz e harmonia atribuída ao nosso país devemos defendê-la e reforçá-la o que não pode dar motivos a desculpas posteriores com as habituais palavras vazias a que estamos habituados. Ainda agora, a propósito da morte de uma criança num Rali na Madeira, houve quem, em vez de ter aconselhado cuidados nas estradas e suas imediações, se limitou depois a usar o alto meio de comunicação a que tem acesso para «apresentar as suas sentidas condolências, neste penoso momento». Vale mais prevenir do que remediar.

Mas há situações tão graves que não seja possível e conveniente encarar preventivamente, e o alerta pode não ter a utilidade desejada. Mas as medidas preventivas não exigem publicidade. A própria «ONU avisa que a última escalada de violência em Gaza só pode piorar a sua própria situação humanitária». Mas a loucura dos políticos leva-os a ficarem ofuscados com as supostas vantagens de um acto violento e nem olham para outras soluções mais sensatas, pacíficas e harmoniosas. As palavras são, muitas vezes, usadas pelos políticos de forma pouco adequada às situações e mais parecidas com as dos representantes da Comunicação Social que, em vez de pretenderem informar e esclarecer a audiência, espalham promessas ilusórias que embrutecem as mentes dos destinatários deixando-os iludidos com a gravidade das situações e  incapazes de uma reacção adequada aos factos inesperados.

Forças responsáveis por garantir a segurança e a paz, não podem deixar de meditar nas piores situações que poderão vir a ocorrer. No caso inicialmente referido, há que ser realistas, para não deixar passar hipóteses, como a de, entre tanto jovem, aparecer um bem disfarçado com intenção de acto que destrua a boa intenção dos organizadores da reunião. Oxalá tudo decorra bem e a merecer elogios.

terça-feira, 16 de agosto de 2022

O PASSADO E O FUTURO

 (Public em DIABO nº 2380 de 12-08-2022, pág 16, por António João Soares)

Antes era passado e agora tem início a preparação do futuro, o que nos exig o maior cuidado na sua preparação e organização para não deixarmos muitas coisas ao sabor do imprevisto. O passado não pode ser alterado nem deve ser repetido às cegas sem cuidar da sua coerência com as condições actuais. Mas não convém ser abandonado ou obsessivamente desprezado, porque o passado é origem do nosso saber e da nossa experiência da vida. E a experiência diz-nos que poucas coisas devem ser repetidas à letra. Houve conceitos que foram repetidos por distracção ou com pouca reflexão e que não devem ser tidos como bons exemplos.

O Santo Padre, numa recente visita ao Canadá, disse que uma Igreja que não actualiza o pensamento no sentido eclesial retrocede na convicção de que está correcta ao seguir procedimentos considerados tradicionais que hoje devem ser considerados «antiquados». A tradição, considerada por muitos como «a fé viva dos mortos», deve ser considerada pelos inteligentes realistas «a fé morta dos vivos». A tradição, no melhor sentido, deve ser como a seiva das raízes que faz uma árvore crescer, sempre mais e mais. Estas palavras papais referem-se a sentimentos religiosos que originaram conflitos, por vezes, violentos entre sectores de crentes de diversos grupos de cristãos nativos da parte menos evoluída daquele país.

 

No artigo aqui publicado, no passado dia 9 de Abril, sugeri que a Igreja incentivasse a moral e a ética social, levando os crentes a raciocinar sobre as palavras das orações que pronunciam com frequência mas sem pensarem no seu significado. «Por exemplo, raras são as pessoas que percebem as três lições constantes da segunda parte da oração “Pai Nosso”». O pão nosso de cada dia, perdoar as ofensas que nos são dirigidas, não cair em tentação e evitar o mal. Não devemos pedir ajuda divina para governar cada pormenor da nossa vida. Tal milagre pedido ao divino deve ser praticado por cada um, em permanência, orientando o seu comportamento da forma mais natural, moral e ética, a fim de não cometer erros que precisem de ajuda para serem remediados. A religião deve incentivar a luta pela dignidade humana, pela liberdade e pela paz social e preparar o futuro de forma a termos mais harmonia, paz e felicidade.

Sugeri a difusão da vantagem da aplicação constante dos «mandamentos», bem explicados de maneira a serem praticados, por todos especialmente pelos políticos que estão habituados a ordenar actos ilegítimos que prejudicam seriamente povos pacíficos e inocentes, como tem sido o caso da Ucrânia e de tantos outros actos de terrorismo que afectam gente honesta e trabalhadora.

O respeito pelos outros é fundamental para vivermos em paz sem invejas, ódios nem ambições e, quando surgem dúvidas, quanto a limites dos interesses das partes, a melhor solução consiste no diálogo e, se necessário, com o recurso a intermediários independentes e amantes da paz. Qualquer acto de violência, na sua contabilidade final, traz mais prejuízos do que ganhos para qualquer das partes.

A Igreja deve orientar o seu esforço para que os ensinamentos da fé sejam devidamente aplicados para a felicidade e a segurança dos povos, de todos os povos, e sejam evitados acontecimentos indesejados e desgastantes da boa qualidade de vida que os evangelhos apontam como ideal. Para isso, é esperada a colaboração de todos os sacerdotes e dos seus melhores praticantes.

Esse esforço bem orientado contribuirá para um FUTURO melhor de toda a humanidade, sem a ambição, a ganância, a inveja, o ódio, a violência, nem guerras, e respeitando os outros, como irmãos.

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

CONVÍVIO SEMANAL 220811

 Hoje é dia de reforçarmos a nossa amizade. Esta consiste mais numa atitude mental de afecto e de solidariedade do que em presentes e encontros. Mas estes têm o dom de a reforçar de forma concreta e indiscutível. Como esta materialização não está sendo possível não quero deixar de recordar aos amigos que não devemos esquecer os nossos afectos. Um abraço a cada um com a afirmação que vivo regiosamente este nosso afecto e a vontade de vos ser útil, com esta afirmação aqui exposta e com outra forma que vos possa ser útil. Cumprimentos. João.

terça-feira, 9 de agosto de 2022

A NATUREZA É VIDA E MUDANÇA

 http://domirante.blogspot.com/2022/08/a-natreza-e-vida-e-mudanca.html

(Public em DIABO nº 2379 de 05-08-2022, pág 16, por António João Soares)

Em cada momento, devemos fazer tudo o que for possível para que o momento seguinte seja melhor, com mais prazer, com maior felicidade, evitando erros do passado. Para isso, cada decisão deve ser precedida de uma reflexão muito ponderada do objectivo desejado, dos seus aspectos, das dificuldades das circunstâncias que o definem e dos meios que temos de lhe aplicar. Na táctica e na estratégia militar, esta metodologia sistematicamente aplicada no «estudo de situação «estes factores são designados «missão, inimigo, terreno e meios».

Infelizmente, poucas pessoas dão importância a estes factores, tomam decisões apressadas por impulso de capricho e depois deparam com as consequências de erros cuja reparação, além de outros inconvenientes, atrasam a obtenção dos benefícios desejados. E quando se trata de serviços públicos, resulta em desgaste financeiro do dinheiro dos contribuintes. Repare-se no problema do nosso aeroporto de Lisboa de que já se fala há vários anos, com opiniões ilusórias, mas sem hipóteses de solução devidamente sustentadas por vantagens e inconvenientes que sirvam para fundamentar uma hipótese de solução adequada ao objectivo desejado. E a decisão resulta da comparação das vantagens dessas diferentes hipóteses e na escolha da melhor.

Há dias, festejou-se em Runa o aniversário da Princesa Dona Maria Francisca Benedita que, com a sua sensibilidade para os perigos a que se sujeitaram os militares nas guerras que foram obrigados a travar para defesa da Pátria, mandou construir o hospital para os militares deficientes que, segundo as suas palavras, se destinava «para descansardes dos vossos honrosos trabalhos. Em recompensa só vos peço a paz e o temor de Deus». Quando em 25 de Julho se comemorou o acontecimento, houve quem sugerisse que à Ministra da Defesa Nacional esta atitude da princesa devia servir de lição aos responsáveis pelo futuro dos cidadãos por forma a garantir-lhes uma futura vida melhor e mais adequada ao crescimento do País, com base no melhor conhecimento das dificuldades que estão sentindo com as alterações climáticas, as pandemias e a inflacção agravada com a guerra de que todos estamos a sofrer as consequências. Mas, actualmente, não se vislumbram pessoas com a sensibilidade e o amor ao próximo como se notou na Princesa Benedita. Hoje quem tem poder limita-se a usá-lo para seu benefício próprio e dos seus coniventes, muitas vezes indo além das limitações legais, com a complacência dos que devem zelar pelo rigor e pela independência da Justiça.

A propósito de mudança comportamental, vi há dias uma notícia com interesse. Refere que em duas cidades nas Filipinas, para acabarem com o mau hábito de os funcionários municipais tratarem com exagerado autoritarismo os munícipes, há agora uma disposição legal que obriga os funcionários públicos a sorrir para os cidadãos, e quando for detectado um comportamento oposto, o seu autor sofre uma informação na sua folha de serviço e até pode ser punido na sua carreira ou mesmo ser demitido das funções. 

A vida é mudança e cada ser humano deve meditar que cada acção tem consequências no futuro e não devemos fazer nada sem ponderarmos os seus efeitos. Não devemos agir sem pensar bem para evitarmos cair na asneira de criticar a má sorte e de atribuir a culpa aos outros por terem agido de forma errada ou por terem omitido decisões oportunas para prevenir desgraças. Prevenir é uma virtude que todos devemos praticar prudentemente no dia-a-dia.